|
Próximo Texto | Índice
TEATRO
Peça "Elas São do Baralho", baseada em texto de Mara Carvalho, discute temas comuns ao universo das mulheres
Bete Coelho investiga desejos femininos
DA REPORTAGEM LOCAL
Presença cativa em elencos, a
premiada atriz Bete Coelho vem
freqüentando cada vez mais o lado de cá do palco como diretora.
Nos anos 90, ela assinou montagens como "O Caderno Rosa de
Lory Lambi" e "Pentesiléias", esta
com Daniela Thomas. No ano
passado, dirigiu "A Caixa", solo
de Renata Melo.
Amanhã, ela estréia a tragicomédia "Elas São do Baralho", de
Mara Carvalho. No próximo mês,
é a vez do drama "Um Número",
da inglesa Caryl Churchill.
Bete Coelho, 36, ainda se esquiva, prefere atuar a dirigir, acha
muito trabalhoso, mas a demanda está criada. A atriz e autora
Mara Carvalho entregou-lhe a peça "Elas São do Baralho", que ficou guardada na gaveta por alguns dias, fruto de resistência da
intérprete de Cacilda Becker na
montagem do diretor Zé Celso e
do grupo Oficina (1998).
Ela reconhece preconceito para
com a comédia. É mais afeita ao
drama. Mas se surpreendeu com
a leitura e logo confirmou a "esquisita" parceria com Carvalho.
"Li devorando o texto, me vi envolvida com as personagens. Mara tem muito talento", diz Coelho.
Em verdade, a autora define
"Elas São do Baralho" como uma
tragicomédia. Reunidas para
aquele que seria apenas mais um
jogo de cartas, quatro mulheres
discorrem sobre ambições e devaneios tais como a obsessão pelo
corpo perfeito, pela relação amorosa ideal e imortalidade.
"A peça tem todos aqueles ingredientes comuns ao cotidiano,
ao universo das mulheres, suas
queixas, desejos, mas também inclui as grandes verdades, adquire
um tom patético e chega às patologias comuns aos seres humanos", diz Carvalho, 40, que tratou
da relação de um casal em "Vida
Privada" (1994). A peça abre com
três mulheres à mesa. Glória (Roney Facchini), Gilda (Magali Biff)
e Giovana (Iara Jamra). Elas
aguardam uma quarta, Bia (Carvalho), que é filha de Glória, irmã
de Giovana. Esses nomes que iniciam com "G" não são por acaso.
Variações sobre o ponto G são
pertinentes aos diálogos dessas
mulheres, que já foram casadas
ou não. Seus ex-maridos têm em
comum a profissão de médico,
tão idealizada como o casamento
perfeito segundo rezam as tradições familiares.
A presença de um homem, Facchini, no papel de uma das mulheres é sugestão de Bete Coelho,
ela que já interpretou vários papéis masculinos em espetáculos
dirigidos por Gerald Thomas.
"É uma forma de brincar, de
romper com os gêneros. Nós, mulheres, muitas vezes temos uma
voz masculina poderosa, quer
através do discurso, quer dos pensamentos", diz Coelho.
(VS)
ELAS SÃO DO BARALHO. Texto: Mara
Carvalho. Direção: Bete Coelho. Com:
Iara Jamra, Magali Biff, Mara Carvalho e
Roney Facchini. Onde: Centro da Terra (r.
Piracuama, 19, Sumaré, tel. 3675-1595).
Quando: estréia amanhã; sex., às 21h30;
sáb., às 21h; e dom., às 19h. Quanto: R$
20 e R$ 25 (sáb.). Até 13/6.
Próximo Texto: Latão realiza "exumação" com Heiner Müller Índice
|