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ARTES PLÁSTICAS
Escultor mineiro divide exposição na galeria Marília Razuk com mais cinco artistas do mesmo Estado
Amilcar ecoa sua obra em nova geração
Divulgação
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"Sem título", obra do escultor mineiro Amilcar de Castro que está em exposição com mais cinco artistas na galeria Marília Razuk |
TIAGO MESQUITA
CRÍTICO DA FOLHA
A última exposição de Amilcar de Castro, na galeria Marília Razuk, articula a produção
recente do escultor mineiro com o
trabalho de artistas mais jovens
atuantes na cena contemporânea
de Belo Horizonte. Descartada
qualquer referência a uma escola
local, fica difícil reduzir a exposição a uma linha reta que sai do escultor octogenário em direção aos
outros criadores.
Os trabalhos repercutem uns
nos outros. Preservam a singularidade de cada, mas criando ecos,
onde é possível visualizarmos,
dentre diferentes escolhas formais, a conversa percebemos
dum meio vivo.
A partir dos anos 90, Amilcar de
Castro renovou, mais uma vez,
sua escultura. As chapas de ferro
que eram fendidas e abertas apresentam-se inteiras sem nenhuma
interrupção em sua superfície. A
realização trabalha com chapas
irregulares previamente cortadas
em faces irregulares e distintas.
Dobradas, com vigor, estas faces
se constituem como corpos distintos, que se equilibram em um
apoio mútuo.
Renato Madureira, em sua melhor escultura, não tem nada de
acanhamento. As folhas de aço
acumuladas, apesar de mostrarem maleabilidade, fazem volume
e impressionam pela multiplicidade de direções. Esta aparente
falta de desenvoltura aqui se revela como qualidade.
Uma é sobreposta em cima da
outra, se ondula numa marcha
objetiva, que entretanto não homogeneiza a posição de cada chapa. Aqui, os elementos da peça,
querem ser forma, mas sem abdicar de suas peculiaridades estruturais. O que poderia ser um descompasso rítmico na peça acaba a
enriquecendo. Descoordenadas,
as chapas se adensam. Não se curvam às necessidades de um movimento unidirecional, mas explodem em múltiplas virtualidades,
como se a complexidade do gesto,
sobre cada chapa, devesse ser explorada. De certo modo acerta
contra certa voga "do projeto" na
arte contemporânea.
Sobretudo em alguns trabalhos
em mídia eletrônica onde as diretrizes da arte parecem vir em primeiro lugar. As bras são manifestos banhadas de intenção que parecem coordenar o uso de todos
os elementos na comprovação de
alguma tese. Retirando da arte o
que ela tem de problemática, a
convertendo em uma falsa transparência, evidente e reversível.
Isaura Pena também tenta fugir
desta transparência pelo acúmulo. Em seu desenho negro de traços espessos se multiplicam por
trás de um núcleo pintado. O trabalho não acontece no espaço comum, como nos anteriormente
comentados.
Por vias inteiramente distintas
José Bento e Roberto Bethônico
procuram intensificar a realidade
pelo mesmo desmentido do
olhar. Como um quebra-cabeça,
Bento usa uma estrutura de madeira, que redesenharia um tronco. No entanto a espessura das faixas faz escapar a imagem. A peça
se torna coisa. E mesmo que o excesso de entalhe por vezes incomode, é interessante como o artista consegue desmentir uma figuração o tempo todo.
Em Bethônico tal movimento se
dá pela relação entre a transparência e a opacidade dos objetos.
Por fim as coisas acabam se confundindo, somos postos diante de
um mundo cheio de camadas,
mas sobre o qual o homem pode
agir com alguma efetividade.
Amilcar de Castro e cinco
artistas mineiros
Quando: de seg. a sex.: das 10h30 às
19h. sáb.: das 11h às 14h. Até 3/8.
Quanto: grátis
Onde: galeria Marília Razuk (av. Nove de
Julho, 5.719, loja 2, Jardim Paulista, tel.
3079-0853)
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