São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Crítica/"A Banda"

Egípcios se perdem em Israel em comédia dramática

Divulgação
Conjunto musical egípcio 'A Banda', produção franco-israelense na qual o idioma é o inglês

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

A idéia de deslocamento já se anuncia nas imagens iniciais como um dos eixos de "A Banda": lá estão sete policiais egípcios, devidamente uniformizados, na área de desembarque de um aeroporto de Israel. Ninguém aparece para buscá-los, o que os obriga a pedir informações, em inglês macarrônico, a funcionários israelenses.
Eles integram um conjunto musical convidado para a inauguração de um centro cultural árabe em uma cidade cujo nome não conseguem pronunciar direito. Estão todos fora de lugar não apenas porque o país lhes é estranho, mas porque são militares perdidos fora do quartel no mundo confuso governado pelos civis.
Não demora muito para que se metam em apuros: na tentativa de chegarem sozinhos ao local do show, vão parar em uma cidade do interior, onde o tempo anda bem devagar. Encalhados ali enquanto esperam socorro da embaixada, eles se misturam à vida local.
Dois membros da trupe se destacam: o tenente-coronel (Sasson Gabai), formal em seu empenho para manter a ordem, e um policial mais jovem e mulherengo (Saleh Bakri), fã de Chet Baker, que cantarola "My Funny Valentine" para que saibam de quem está falando.
Entre os moradores, a dona de uma lanchonete (Ronit Elkabetz) resolve fazer as honras da casa e facilitar o trânsito dos policiais entre os moradores, incluindo um jovem (Shlomi Avraham) que não sabe como se aproximar da garota apaixonada por ele e recebe ajuda do galã egípcio.
As poucas horas em que os personagens interagem constituem matéria-prima suficiente para que o diretor e roteirista Eran Kolirin, em seu longa de estréia, faça comédia dramática equilibrada, em que a suavidade do tratamento compense a tristeza profunda de algumas situações. Cada qual em seu canto, em cada canto uma dor.
A ponte erguida pelos personagens para se comunicar, em inglês, custou ao filme a indicação para a disputa do Oscar de filme estrangeiro: a Academia de Hollywood indeferiu a indicação por desrespeito a uma das regras da categoria. Israel substituiu "A Banda" por "Beaufort", que esteve entre os cinco finalistas deste ano.


Avaliação: bom


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