São Paulo, domingo, 22 de outubro de 2006

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Beastie Boys "tocam" rap nos cinemas de SP

Mostra exibe hoje "Nossa, Eu Filmei Isso!", documentário que registra um show que o trio de rap fez em Nova York

Em entrevista à Folha, o MC Mike D fala sobre o filme, feito por 50 fãs, e dá uma prévia do que deve mostrar nos shows do Tim Festival

Associated Press
O trio nova-iorquino Beastie Boys, cujo documentário é destaque da mostra neste domingo


ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os Beastie Boys tocam hoje em São Paulo. Não se trata, entretanto, de uma edição extraordinária -e antecipada- do Tim Festival, mas, sim, de um show que o trio mais famoso do hip hop fez em 2004, em Nova York, e que será exibido em três sessões da 30ª Mostra Internacional de Cinema.
Lançado no exterior em DVD, "Awesome I Fucking Shot That!" (aqui, "Nossa, Eu Filmei Isso!") foi um "experimento", como definiu em entrevista à Folha o MC Mike D.
A idéia, conta ele, era distribuir câmeras para 50 fãs, que deveriam registrar a apresentação de diversos pontos do estádio. "Como o concerto estava com ingressos esgotados, transmitimos as imagens ao vivo, por nosso site", diz Mike.
"As pessoas podiam escolher qualquer lugar para se posicionar e fazer a cobertura de diferentes ângulos." O documentário começa com os 50 escolhidos recebendo as instruções que constavam, basicamente, em manter as câmeras ligadas o tempo inteiro, seja lá qual fosse a situação. "Eles não desligavam nem mesmo quando iam ao banheiro. Alguns até emprestaram a câmera para os amigos", explica Mike. E ele não está brincando: em um determinado momento, um rapaz sai do local da apresentação, vai ao banheiro e registra a "operação" passo a passo.

Caras e bocas
Mas não são "freakices" como essas que interessam. Um show do Beastie Boys, para quem nunca viu, é por si só algo que resultaria num DVD empolgante. Os três MCs, Mike D, Adam "Ad Rock" Horowitz e Adam "MCA" Yauch, já são tiozinhos (os três chegaram ou beiram os 40), mas mantêm a mesma energia de quando começaram, há 20 anos.
Além de afiados rimadores, no palco, se revezam nos microfones fazendo caras e bocas e pulando sem parar. Quando o trio não está em cena, Mix Master Mike, DJ do grupo e um dos grandes nomes do "turntablism" -a habilidade de transformar os toca-discos em instrumento musical-, entretém o público fazendo malabarismos nos pick-ups.
Isso tudo é mostrado ora de longe, pelo público da arquibancada, ora bem de perto, pelo povo do gargarejo. Há também cenas de bastidores, que acompanham os três quando, quase no final do espetáculo, eles fazem uma maratona, correndo do palco até a platéia, para cantar entre as pessoas do fundão.
Destacam-se ainda registros divertidos do público, fazendo dancinhas, falando bobagem. Isso tudo poderia ter rendido um "frankenstein", mas, nas mãos do rapper Adam Yauch, que assina a direção sob o codinome Nathanael Hornblower, deu super certo.
Com a ajuda dos montadores Michael Boczon e Remi Gletsos, Yauch constrói um mosaico psicodélico, que alterna imagens em preto-e-branco com textura granulada, efeitos em câmera lenta, sobreposições de cenas e edição em ritmo de scratch, entre outros recursos. "Ficamos muito felizes", fala Mike D. "Tenho certeza que funcionou. Não queríamos fazer um filme tradicional."

Ao vivo
Para quem não poderá acompanhar os shows do grupo no Brasil -eles tocam no Rio de Janeiro e em Curitiba-, "Nossa, Eu Filmei Isso!" pode servir de consolo. Para os outros, é uma prévia do que vem por aí.
Gravado durante a turnê do disco "To the 5 Boroughs", a performance é uma reunião de seus principais sucessos. No repertório, estão, entre outras, "Intergalactic", "Body Movin'" e "Sabotage", música com a qual eles encerram, fazendo uma "homenagem" ao presidente George W. Bush.
Aqui, não deve ser diferente. "Não imagino ainda o que vamos mostrar, porque, geralmente, mudamos tudo sempre", fala Mike D. "Mas tocaremos um pouco de cada álbum." Mike D diz ainda que eles estão trabalhando em músicas novas, para o próximo álbum, sem data de lançamento. Mas elas não estarão no repertório.
"Vamos tocar num festival e não teremos muito tempo. Em situações como essa, mostramos músicas conhecidas." A turnê brasileira terá um desfalque: o tecladista Money Mark não deve vir, porque está em estúdio. "Vamos tocar com uma banda sim, mas será com convidados especiais."

NOSSA, EU FILMEI ISSO!     

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