Carioca Daniela Cardim, do Balé Nacional da Holanda, assina nova obra da São Paulo Cia. de Dança

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A São Paulo Companhia de Dança entra em cena nesta noite para uma segunda temporada no teatro Alfa fazendo uma aposta. Uma jovem coreógrafa brasileira ainda desconhecida assina a nova peça do grupo criado no ano passado com aporte financeiro do governo do Estado de São Paulo.
"Passanoite", da carioca Daniela Cardim, 35, é a sétima obra do repertório e a quarta especialmente criada para a São Paulo Cia. de Dança. Apesar de relativamente curta -20 minutos-, chega à cena bem embalada. Tem músicas de compositores brasileiros como André Mehmari e Mário Manga interpretadas ao vivo pelo quinteto de cordas paulistano Quintal Brasil e figurinos do estilista mineiro Ronaldo Fraga.
Coreograficamente, trata-se de um trabalho neoclássico, em que Cardim deixa à mostra a formação de bailarina clássica.
Há rigor com as linhas e com pequenos detalhes do movimento, com destaque para braços e pés bem trabalhados. Os dez intérpretes se encontram em várias formações, de pas de deux a danças de conjunto, tudo com dose de bom humor.
"Tenho um olho clínico para os braços porque me formei numa escola de balé que tinha influência direta das bailarinas russas", diz Cardim, que foi solista do Balé do Theatro Municipal do Rio nos anos 90, quando a companhia vivia uma ótima fase, dirigida pelo francês Jean-Yves Lormeau, que foi étoile da Ópera de Paris.
Em 1999, seguiu para a Europa em busca de uma companhia que aceitasse uma bailarina tão alta como ela, que tem 1,75m. Chegou ao Het Nationale Ballet, o Balé Nacional da Holanda, companhia de repertório clássico e neoclássico, onde está até hoje e onde começou a coreografar.
Primeiro participou de um workshop de criação para os bailarinos do Het e repetiu a dose no ano seguinte, quando foi convidada a criar um pas de deux para uma música da orquestra parceira da companhia, a Holland Symfonia. Em 2008, passou uma temporada no New York Coreographic Institute, ligado ao New York City Ballet, coreografando no final para a School of American Ballet.
"Uma das propostas de trabalho da São Paulo Cia. é arriscar e investir em novos coreógrafos. A Daniela Cardim tem tudo para despontar porque é dona de uma grande musicalidade", diz Iracity Cardoso, diretora da companhia. O programa da temporada se completa com uma versão em 30 minutos de "Polígono", de Alessio Silvestrin, e "Gnawa", de Nacho Duato.