|
Texto Anterior | Índice
ERUDITO
Russo toca com orquestra regida por Jamil Maluf
Rudy vem ao Brasil e apresenta o mais difícil concerto para piano
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Orquestra Experimental de
Repertório, regida por Jamil Maluf, abandona hoje o Teatro Municipal e se apresenta, excepcionalmente, no Cultura Artística.
Trará como solista o pianista
russo Mikhail Rudy, naquele que
é considerado o mais difícil concerto para seu instrumento: o
"Concerto nš 3", em ré menor, de
Sergei Rachmaninov (1873-1943).
Completam o programa o popular "Vocalise", também de
Rachmaninov, e a "Sinfonia nš 5"
de Sergei Prokofiev (1891-1953).
Os ingressos têm preços populares: de R$ 10 a R$ 15.
Rudy tem sido nos últimos anos
um solista freqüente no Brasil. Já
se apresentou com a Sinfônica
Brasileira, com a Sinfônica de
Porto Alegre e também com a
Osesp, com a qual fez o mesmo
"Concerto nš 3", em abril de 2000.
Ele ainda o gravou com a Filarmônica de São Petesburgo, regida
por Mariss Jansons.
Jamil Maluf diz que o concerto é
tão difícil para o solista quanto
para a orquestra. Leia a seguir trechos da entrevista que o maestro
concedeu à Folha.
Folha - Quais as dificuldades para
a orquestra do "Concerto nš 3"?
Jamil Maluf - São dificuldades
comparáveis ao "Concerto nš 2",
de Brahms. Pianista e orquestra
dividem uma imensa responsabilidade. São quase sinfonias com
piano solista. A orquestra não tem
um mero papel acompanhador,
como em Chopin. Rachmaninov
costura os temas entre orquestra e
piano, dando aos dois praticamente o mesmo peso.
Folha - É uma prova de maturidade também de sua orquestra?
Maluf - Ela tem ampliado de ano
em ano o repertório. Fizemos na
atual temporada a "Sinfonia nš 4"
de Mahler, também a "Sinfonia nš
4" de Bruckner, Petrouska, de
Stravinski. Estamos na trilha de
obras sinfônicas pesadas, de óperas longas. É uma maneira de esticar a corda até onde ela dá.
Folha - Isso vale para a "Sinfonia
nš 5" do Prokofiev, de hoje à noite?
Maluf - Exatamente. Rachmaninov e Prokofiev são dois compositores russos que tiveram suas
carreiras influenciadas por longa
permanência nos Estados Unidos, onde prevalecia uma nova
prática da música. Eles não relegaram suas origens, mantiveram
uma forte influência russa. Ambos saíram do regionalismo, fizeram sua arte respirar para fora.
Folha - E por que a escolha de Mikhail Rudy como solista?
Maluf - Ele é um especialista em
Rachmaninov. Iríamos levá-lo ao
Municipal, que no entanto está
ocupado pela montagem de uma
ópera. Mas o Cultura Artística é
um teatro excepcional, com uma
incrível acústica. Será então uma
única récita. A agenda do Rudy
não permitira outra data.
ORQUESTRA EXPERIMENTAL DE
REPERTÓRIO, com Jamil Maluf
(regência) e Mikhail Rudy (piano). Onde:
teatro Cultura Artística (r. Nestor
Pestana,196, região central, tel. 3258-3344). Quando: hoje, às 21h; Ingressos:
R$ 10 e R$ 15.
Texto Anterior: "Medalhinhas" discutem criação literária Índice
|