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São Paulo, quinta-feira, 23 de janeiro de 2003

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TEATRO

Grupo Hosho faz apresentação única em SP, com encenação do texto "Hagoromo - O Manto de Plumas"

Escola japonesa traz rigor e poesia de clássico do nô

Divulgação
Cena de espetáculo da escola japonesa Hosho de teatro nô


DA REPORTAGEM LOCAL

Um ator que trave contato com o teatro nô em criança, somente por volta dos 18 anos estará apto para integrar um coro. Daí a protagonizar um papel, são mais anos e anos de treinamento.
A temporada brasileira do grupo japonês de teatro nô da Escola Hosho, da província de Ishikawa, que passou por Porto Alegre e inclui única apresentação hoje em São Paulo, dá a medida do rigor técnico dessa arte interpretada há mais de seis séculos.
O programa inclui a encenação de um texto clássico do gênero, "Hagoromo - O Manto de Plumas", de Zeami Motokiyo (1363-1443 d.C.).
Trata-se de peça que a coreógrafa Alice K., principal pesquisadora do teatro nô no Brasil, concebeu como um "poema dançado", numa transcrição livre do texto por Haroldo de Campos, como atração da Jornada Sesc de Teatro em 94.
Narra a história de um pescador que encontra um manto em um galho de pinheiro. Quando vai apanhá-lo, surge um anjo que lhe diz que aquela capa de pano pertence ao céu, e tenta convencê-lo a devolver.
O pescador consente, porém, sob a condição de que o anjo dance para ele. Entre os 17 atores, estão Hajime Sano, 74, dos mais graduados da escola Hosho (a segunda mais expressiva do Japão, com 140 atores).
A apresentação envolve diversos elementos, como canto coral, música instrumental, bailado, máscara, figurinos e cenografia.
"Hagoromo" será precedido da versão compacta da peça "Takasago", de Zeami, sobre um monge que discorre para um casal de idosos sobre a proximidade entre o homem e a mulher.
Seguem-se quatro bailados e passagem do "kistuke", o ritual no qual os atores vestem os figurinos para a interpretação de "Hagoromo". Esse procedimento didático para com o espectador é realizado apenas fora do Japão.
Segundo a pesquisadora de teatro nô Elza Tsuzuki, 43, que acompanha a delegação, não haverá legenda eletrônica. "Será lida uma sinopse antes da apresentação para introduzir o público sobre a poética da história."
O evento é uma iniciativa da Missão de Intercâmbio Brasil-Japão, do Consulado-Geral do Japão em São Paulo, da Associação Brasileira da Província de Ishikawa e do Sesc São Paulo.
(VALMIR SANTOS)


HAGOROMO - O MANTO DE PLUMAS.
De: Zeami Motokiyo. Com: Escola Hosho. Onde: Teatro Sesc Anchieta (r. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3234-3000). Quando: somente hoje, às 21h. Quanto: R$ 20.



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