São Paulo, segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

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MÚSICA

Sambista mostra 1º disco e faz quatro shows, marcando o começo das comemorações do aniversário de 452 anos de SP

Dona Inah dá início a série de apresentações

Divulgação
A sambista paulista Dona Inah, que faz quatro apresentações nesta semana em unidades do SESC


JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Filha de um trompetista, Ignez Francisco da Silva, a Dona Inah, 70, começou a cantar aos seis anos no serviço de alto-falante de sua cidade natal, Araras. Aos 12 anos, "imitava perfeitamente" as grandes damas do rádio: Emilinha Borba, Dircinha Batista, Dalva de Oliveira. Aconselhada por Orlando Silva, parou de cantar "com a voz dos outros" para dar vazão à própria voz. Foi assim que começou no rádio, aos 18 anos.
O tempo passou, ela parou de cantar, casou e criou sete filhos. Fez "de tudo na vida". Foi lavadeira, passadeira, cozinheira, babá. Eis que, aos 69 anos, Dona Inah voltou à música ao lançar seu primeiro disco, "Divino Samba Meu". Em 2005, venceu o Prêmio Tim de Música Brasileira, na categoria revelação, e desde então já se apresentou no Teatro Municipal, na França, na Espanha e no Marrocos. Só nesta semana, exibe sua bela voz em quatro ocasiões.
Participa hoje do projeto "Samba na Cidade", show gratuito realizado no hall de convivência do Sesc Consolação. Nesta homenagem ao aniversário de São Paulo (veja mais atrações no quadro abaixo), mostrará composições de Cartola e Ataulfo Alves, além de releituras de sambas de Noel Rosa e Ary Barroso.
Nos dias 25 e 29, na praça de eventos do Sesc Vila Mariana, cantará o jongo "Cangoma me Chamou", além de "Qual Foi o Mal que Eu te Fiz" (Noel Rosa/ Cartola), "Palhaço" (Nelson Cavaquinho) e "Los Hermanos" (Atahualpa Yupanqui). No teatro da unidade, participa no dia 27 do projeto "Na Cadência Paulista do Samba", que pretende fazer um panorama do desenvolvimento do gênero musical em São Paulo. Interpretará clássicos de Geraldo Filme e Adoniran Barbosa.

50 anos depois
Na cabeça da sambista paulista, tantas décadas de hiato até o reconhecimento de seu talento tiveram razão de ser: "Aconteceu na hora certa. Eu lutei 50 anos para gravar este disco. Encontrei amigos que deram uma mão. Foi uma coisa inesperada... Rápido como está acontecendo, de 2002 até agora, eu não esperava, não".
Em agosto de 2002, Dona Inah foi convidada pelo produtor Heron Coelho para participar do musical "Rainha Quelé - Tributo à Clementina de Jesus". "Eu tinha amizade com o pessoal do choro, e o Heron precisava de uma cantora. Fui me apresentar na Rua do Choro, e ele me chamou. Fiquei na dúvida, porque tinha tido tantas promessas anteriormente", conta. "Eu ainda estou sonhando. Sair na rua e ser reconhecida não estava no caderno."


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