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São Paulo, domingo, 23 de fevereiro de 2003

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Construções coloniais paulistanas resistem às modificações da cidade

Arquitetura da colonização

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Lateral do Solar da Marquesa de Santos e escadaria do Beco do Pinto, na região central, exemplos de arquitetura colonial em SP


DA REDAÇÃO

A certidão de nascimento indica 449 anos. São Paulo, entretanto, com seu mar de prédios, em que cada construção do século 19 é encarada como uma relíquia antiquíssima, não aparenta a idade.
A cidade pouco conservou de seu acervo de construções do período colonial (até 1822), em detrimento da expansão e do desenvolvimento urbanos. "São Paulo varreu para baixo do tapete o passado de aldeia, mudou a feição a partir do século 19", diz o arquiteto Paulo Bastos, ex-presidente do Condephaat (Conselho Estadual de Proteção ao Patrimônio Histórico). Ele aponta como significativos remanescentes da época da colônia as casas bandeiristas, antigas construções rurais.
"São Paulo só tinha o centro. O restante, com exceção de poucos bairros, era zona rural. Em torno das casas é que se aglutinava a vida", afirma Vilma Gagliardi, historiadora do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH), responsável por essas edificações.
Há alguns exemplares a conhecer: a Casa do Sertanista, a Casa do Tatuapé, o Sítio da Ressaca (com reabertura prevista para março), o Sítio Morrinhos. Nenhum tem uma data precisa de constituição, fixada assim entre meados dos séculos 17 e 18. A casa do Sítio da Ressaca, por exemplo, tem inscrições na verga da porta e nas telhas que marcam o ano de 1719, mas o correto, segundo Gagliardi, é pontuar as estimativas com o "provavelmente".
Todos os prédios revelam uma velha técnica de construção: a taipa de pilão, em que se trabalha com terra umedecida disposta em fôrmas e socada com pilão. Seus usos variam: a Casa do Sertanista hospeda o Museu de Folclore Rossini Tavares de Lima. No Butantã, há ainda a Casa do Bandeirante, que abriga uma exposição de móveis coloniais.
No centro, na região onde a cidade nasceu em 1554, há o Pátio do Colégio. Apesar de o atual conjunto arquitetônico do lugar ser uma reconstrução de 1976, no prédio há uma parede de taipa de pilão original, protegida por um vidro. Na rua ao lado, encontra-se o Solar da Marquesa de Santos, tido como único exemplar residencial urbano que restou do século 18. O prédio foi ocupado em 1834 pela marquesa. Durante os séculos 19 e 20, o imóvel sofreu descaracterizações, conservando, porém, alguns traços originais.



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