São Paulo, domingo, 23 de julho de 2000


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TEATRO INFANTIL

Peças entram na disputa pelo público nas férias


Adriana Elias/Folha Imagem
Cena de "Os Três Porquinhos - A Pantomima", em cartaz sábado e domingo, na sala Jardel Filho do Centro Cultural São Paulo



Espetáculos como "Os Três Porquinhos - A Pantomima" e "O Terror dos Mares", em cartaz na cidade, são algumas das alternativas para as crianças
MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

C ontos de fada no teatro. Os melhores espetáculos, nos palcos paulistanos, são "O Terror dos Mares" e "Os Três Porquinhos - A Pantomima", que disputam com filmes como "Dinossauro", "O Caminho para El Dorado" e "Pokémon 2000 - O Filme" a atenção das crianças nessas férias.
"Os Três Porquinhos - A Pantomima" é exemplar. A eficácia da peça consiste na forma ágil de fazer as cenas se sucederem e serem compreendidas.
O conto dos Três Porquinhos, recolhido na Inglaterra por Joseph Jacobs no século 19, renova-se em truques imaginosos que o lobo arma para capturar sua caça e na representação dos temores dos porquinhos, além dos desenlaces, que deixam os espectadores aliviados. Até a próxima armadilha.
A sensação de alívio (a catarse aristotélica?) faz retornar à memória a experiência da salvação.
Imagina-se o que deve ser para as crianças de 3 a 7 anos, o público-alvo do espetáculo.
"Os Três Porquinhos - A Pantomima" alcança esse resultado por ser convincente, e isso independentemente de classificar a peça como obra de arte. A montagem é divertida. Os cenários, que têm ao fundo uma parede, e figurinos são simples, reconhecíveis de imediato pelo público, que se esforça apenas para compreender os acontecimentos, como propõe o jogo da pantomima.
Isso não quer dizer que cenário e figurinos mais complexos não tenham função.
Em "O Terror dos Mares", peça baseada no livro "Geografia de Dona Benta", de Monteiro Lobato -autor brasileiro de contos de fada-, os personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo viajam por Estados brasileiros sem sair da sala e da cozinha.
A peça tem um bom elenco e se preocupa com a cronologia dos acontecimentos. Distingue, do ponto de vista visual, realidade e fantasia (o mar "real" projeta-se no cenário faz-de-conta de Pedrinho e Narizinho) e revela a época em que o texto foi concebido.

Outras dicas de espetáculos
Todo pai ou mãe leva os filhos para assistir a um espetáculo sobre um conto de fadas depois de contá-lo incessantemente. Esse passeio, muitas vezes, determina o gosto infantil pelo teatro. Se as primeiras experiências são boas, ponto para o teatro.
"Antes Que o Feitiço se Espalhe" não é bem um conto de fadas, mas se vale do gênero para desenvolver o enredo. Três crianças brincam no escritório da casa dos avós até que surge o vilão, que precisa ser derrotado. O espetáculo desperta interesse porque provoca a sensação de reconhecimento, devolve à criança o que ela própria faz nas suas brincadeiras.
O sofá do escritório, por exemplo, vira um barco, e elas navegam por mares sem fim. A peça ainda não está madura, mas o grupo está construindo um repertório que chama a atenção.
"A Bruxinha Que Era Boa" também vale a ida ao teatro. A peça solicita a atenção do espectador infantil, pois se apóia, na maior parte do tempo, nos diálogos, o que por vezes faz o espectador de menor idade se perder.
"O Bichinho da Maçã", adaptada de livro homônimo de Ziraldo, tinha o mesmo problema de excesso de texto (pelo menos na primeira montagem; talvez agora seja diferente). Na peça, o bichinho conta piadas, conversa e brinca com os amigos.
Em "O Mágico de Oz", o espectador reconhece a história de Dorothy na Terra de Oz. Mas a montagem não enriquece o filme.


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