São Paulo, Segunda-feira, 23 de Agosto de 1999
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TEATRO

"Perpétua", de Dionísio Neto, faz apresentação única hoje em São Paulo, com Samantha Monteiro

Peça traz de volta revelação dos 90

Divulgação
Os atores Dionísio Neto e Samantha Monteiro em cena da peça "Perpétua"


NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

O dramaturgo Dionísio Neto volta com sua primeira peça, cuja encenação inicial data de três anos atrás, no momento em que começam a surgir os balanços das artes na década.
Os anos 90 estão perto do fim e, no teatro, o autor da barroca "Opus Profundum" e desta realista "Perpétua" que volta hoje para uma única apresentação -devendo entrar em cartaz em outubro- sobressai como um dos maiores talentos de escritura surgidos no período.
É um dramaturgo-poeta, de um lirismo inusitado, cortante. É um autor abertamente neo-romântico que, como é próprio da década, não se deixa enganar por muito tempo na idealização.
"Perpétua", por sinal, passou por diferentes versões, uma primeira dramática e mais realista, uma segunda mais cômica, até sarcástica consigo mesma -apesar de usar o mesmo texto, sem maior mudança.
A que vai agora ao palco não é, segundo seu autor, uma "remontagem", mas ainda segue na mesma "raiz de tudo". A mudança maior é a entrada de Samantha Monteiro -a jovem atriz que foi, antes de completar 20 anos, Chapeuzinho Vermelho e Lady Macbeth em montagens do diretor Antunes Filho.
No dizer de Dionísio Neto, que segue como ator na peça, ela traz um "demônio-anjo" para o papel, em oposição à "pulsação heavy-metal" da atriz anterior, Renata Jesion. Pode-se esperar um acento ainda maior no lirismo, evidenciando as nuances da poesia dramática de Dionísio.
O enredo, resumido de uma sinopse do autor: o ano é 2007. Em uma ultramegametrópole, um jovem burguês existencialista (Dionísio) leva girassóis para comemorar seu aniversário com uma dançarina de "peep show", Perpétua (Samantha).
Eles se trancam no quarto até o final trágico, no misto citado de neo-romantismo e niilismo.
"Perpétua" forma uma dupla inesperada com "Opus Profundum", outro espetáculo bem-sucedido de Dionísio Neto - e que acaba de estrear em Nova York, em nova montagem.
Os textos apresentam mais ou menos o mesmo rebento de paixão, mas com diferenças formais que evidenciam as influências do autor.



Peça: Perpétua Direção: Leonardo Medeiros Quando: hoje, às 21h (única apresentação) Onde: Sesc Pinheiros (av. Rebouças, 2.876, tel. 815-3999) Quanto: R$ 4

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