São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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"Intimidade" do piano acompanha Felicity Lott

Soprano britânica interpretará canções de Schumann e Strauss, entre outros, com o polonês Maciej Pikulski

Com 119 gravações editadas, a cantora fará o encerramento da temporada 2006 do Mozarteum Brasileiro

Trevor Leighton/Divulgação
A soprano britânica Felicity Lott, que se apresenta hoje e quarta-feira na Sala São Paulo


JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

A soprano britânica Felicity Lott, 59, encerra a temporada deste ano do Mozarteum Brasileiro. É um nome de imenso peso na história recente de um longo repertório que inclui Mozart e Bach, Händel e Britten, Schumann e Mahler. Com 119 gravações editadas, Dame Felicity estará acompanhada hoje e quarta-feira pelo pianista polonês Maciej Pikulski. Ela interpretará canções de Schumann, Strauss, Hahn, Messager e Coward. A seguir, em entrevista, Felicity Lott fala à Folha sobre Richard Strauss e a redescoberta de outros compositores.  

FOLHA - Entre as dezenas de compositores que a sra. já interpretou, qual a comove particularmente?
FELICITY LOTT
- Creio que é o caso de Richard Strauss. Eu interpretei as óperas dele bem mais que as de outro compositor, como "O Cavaleiro da Rosa", "Capricio" ou "Arabella". A música dele me seduz enormemente. Sua escrita para a voz de soprano é de uma sutileza e de uma perfeição singulares.

FOLHA - Há também os lieder que ele escreveu, dos quais a sra. interpretará também alguns por aqui.
LOTT
- Com certeza. Em suas canções há essa mesma relação de maravilhamento.

FOLHA - A sra. prefere cantar Strauss com acompanhamento de orquestra ou de piano?
LOTT
- Na atual fase de minha carreira, prefiro a intimidade que o acompanhamento de piano é capaz de proporcionar. Com o piano há uma intimidade ainda maior com o público.

FOLHA - Somente de alguns anos para cá a sra. se interessou pelas operetas de Jacques Offenbach. Foi porque ele deixou de ser considerado um compositor secundário?
LOTT
- Creio que as pessoas estejam hoje mais interessadas na música que ele escreveu. Eu participei de montagens de "La Belle Helène" e de "Grande Duchesse de Gérolstein". São peças deliciosas de serem cantadas. A música é adorável, as partituras, muito inteligentemente construídas e de enredos que emocionam.

FOLHA - Há outros compositores menos prezados que precisam integrar o repertório mais "cult"?
LOTT
- Com certeza, embora eu não possa prever quais eles serão. Eu tenho adoração por Poulenc, embora ele não seja considerado secundário.

FOLHA - A sra. fará em São Paulo uma canção do francês André Messager, que andava esquecido.
LOTT
- Foi também um grande maestro. Regeu a estréia mundial de "Peléas et Melisande", de Debussy, em 1902. Era muito amigo de Debussy e também de Fauré, por mais que ambos tivessem uma forte rivalidade.

FOLHA - Um bom cantor precisa se interessar pelas outras artes?
LOTT
- Absolutamente. Toda cultura que possa abrir nossos olhos e nossas mentes contribui para as nossas interpretações. Sou uma boa leitora, sobretudo de boas biografias ou literatura do século 19.


FELICITY LOTT
Quando:
hoje e quarta-feira, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nš, tel. 3337-5414)
Quanto: de R$ 50 a R$ 160


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