São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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SP 450

Diretor reestréia "Os Sertões - O Homem - Da Revolta ao Trans-Homem" enquanto disputa espaço com grupo SS

Zé Celso quer levar nova demolição à cena

Daniel Guimarães/Folha Imagem
Demolição iniciada esta semana ao lado do Oficina, onde o grupo SS quer construir um complexo


MARCOS DÁVILA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No alto do terceiro "andaime" do Oficina, Zé Celso observa através da parede de vidro as ruínas de um prédio em demolição, na esquina da rua Jaceguai com a rua Abolição, no Bexiga, a poucos metros dali. "É o prelúdio perfeito para "A Luta'", diz o diretor, se referindo ao final de "Os Sertões" -saga musical, inspirada na obra homônima de Euclydes da Cunha (1866-1909), cujo episódio "O Homem 2" volta ao cartaz hoje.
A demolição dos prédios, iniciada na última semana, reacende a disputa pelos arredores do teatro entre o Oficina e o Grupo Silvio Santos que, desde 2000, planeja ali a construção de um centro de entretenimento, lazer e cultura.
Segundo um funcionário da Sisan, construtora do grupo SS, os prédios estão sendo demolidos porque as estruturas já estavam velhas. A reportagem da Folha tentou falar com o engenheiro responsável pela obra, Eduardo Velucchi, mas foi informada de que ele está em férias.
"É uma cena muito contemporânea. Não é diferente do que se viu em Bagdá. É como uma guerra", continua Zé Celso, que depois de obter o tombamento do teatro como patrimônio histórico pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), em 82, quer agora o tombamento pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional).
"Já estou cansado desse antagonismo entre o comercial e o social, acredito que andamos em outra via, das coisas que não têm preço. Gostaria que o Silvio Santos fosse o produtor dessa grande obra de arte que é o Teatro-Estádio", afirma Zé Celso, sobre o projeto de extensão do Oficina idealizado pela arquiteta Lina Bo Bardi.
Em nota divulgada no ano passado, o grupo SS afirmou que o centro de entretenimento que pretende construir está integralmente aprovado pelas autoridades municipais e pelos organismos de defesa do patrimônio histórico de São Paulo.


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