São Paulo, quarta-feira, 24 de março de 2010

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Crítica/"O Livro de Eli"

Violência marca blockbuster evangélico

ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Fábula messiânica, "O Livro de Eli" mostra uma Terra devastada pela guerra nuclear. A civilização desapareceu, quase não há comida e água, o canibalismo voltou. Trinta anos depois da hecatombe, a violência é a lei.
Nesse cenário desolador, quem se dá bem é o gângster Carnegie (Gary Oldman), que construiu um império nas ruínas de uma cidade. Sedento de poder, ele busca algum exemplar da Bíblia, mas ao que parece não restou nenhum. Seu raciocínio é cristalino: como ninguém mais tem fé ou sabe ler, quem usar a Bíblia para manipular os outros será o novo senhor do planeta.
Carnegie está no encalço de Eli (Denzel Washington), um andarilho solitário que também está convencido da importância da Bíblia nessa nova etapa da história da humanidade. Mas em outras bases, é claro. Eli carrega uma na mochila, que lê diariamente, e marcha em direção ao oeste desde o fim da guerra, pois uma voz assim lhe ordenou.
A realidade fez dele um guerreiro, que maneja armas com destreza e parece não ser atingido pelos inimigos. Esse "corpo fechado" e o ar misterioso e lacônico lhe emprestam uma aura de asceta. Apesar disso, aniquila com efusões de sangue quem ataca os indefesos.
O messianismo é um dos traços definidores do subgênero pós-apocalíptico, mas nunca foi afirmado com tamanho proselitismo moralizador quanto neste blockbuster evangélico. Do ponto de vista narrativo e visual, o filme também está longe de inovar, pois recicla uma profusão de referências: da série "Mad Max" aos filmes de artes marciais, passando pelo horror gore e o faroeste.


O LIVRO DE ELI

Diretor: Albert e Allen Hugues
Produção: EUA, 2010
Com: Denzel Washington, Gary Oldman e Mila Kunis
Onde: Espaço Unibanco Pompeia, Iguatemi Cinemark e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: ruim




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