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Crítica/"O Livro de Eli"
Violência marca blockbuster evangélico
ALEXANDRE AGABITI
FERNANDEZ
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Fábula messiânica, "O
Livro de Eli" mostra
uma Terra devastada
pela guerra nuclear. A civilização desapareceu, quase não há
comida e água, o canibalismo
voltou. Trinta anos depois da
hecatombe, a violência é a lei.
Nesse cenário desolador,
quem se dá bem é o gângster
Carnegie (Gary Oldman), que
construiu um império nas ruínas de uma cidade. Sedento de
poder, ele busca algum exemplar da Bíblia, mas ao que parece não restou nenhum. Seu raciocínio é cristalino: como ninguém mais tem fé ou sabe ler,
quem usar a Bíblia para manipular os outros será o novo senhor do planeta.
Carnegie está no encalço de
Eli (Denzel Washington), um
andarilho solitário que também está convencido da importância da Bíblia nessa nova etapa da história da humanidade.
Mas em outras bases, é claro.
Eli carrega uma na mochila,
que lê diariamente, e marcha
em direção ao oeste desde o fim
da guerra, pois uma voz assim
lhe ordenou.
A realidade fez dele um guerreiro, que maneja armas com
destreza e parece não ser atingido pelos inimigos. Esse "corpo fechado" e o ar misterioso e
lacônico lhe emprestam uma
aura de asceta. Apesar disso,
aniquila com efusões de sangue
quem ataca os indefesos.
O messianismo é um dos traços definidores do subgênero
pós-apocalíptico, mas nunca
foi afirmado com tamanho proselitismo moralizador quanto
neste blockbuster evangélico.
Do ponto de vista narrativo e
visual, o filme também está
longe de inovar, pois recicla
uma profusão de referências:
da série "Mad Max" aos filmes
de artes marciais, passando pelo horror gore e o faroeste.
O LIVRO DE ELI
Diretor: Albert e Allen Hugues
Produção: EUA, 2010
Com: Denzel Washington, Gary Oldman e Mila Kunis
Onde: Espaço Unibanco Pompeia,
Iguatemi Cinemark e circuito
Classificação: 16 anos
Avaliação: ruim
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