JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

"As Bodas de Fígaro", a mais hilariante e popular das óperas que Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) compôs em parceria com o libretista italiano Lorenzo da Ponte, estréia hoje no Municipal de São Paulo em curta temporada de apenas quatro récitas.
O "Fígaro" de Mozart não era encenado no Municipal desde 1989. Duas montagens ocorreriam mais tarde em São Paulo: no teatro Paulo Eiró, em 1997, e no teatro São Pedro, em 2000.
A nova produção traz a direção musical de Ira Levin, que apresentou com a Orquestra Sinfônica Municipal uma surpreendente "Sinfonia nº 6", de Gustav Mah- ler. "As Bodas" do Municipal tem direção cênica de José Possi Neto, artista que se sai bem ao produzir em meio a tensões e tempestades. No caso, assumir um espetáculo que seria importado já pronto de Buenos Aires.
Participam do elenco três solistas estrangeiros: Adriana Mastrángelo, Gordon Hawkins e Rosella Ragatzu; para os demais papéis, cantores brasileiros: Paulo Szot, Rosana Lamosa, Sávio Sperandio e Elizabeth Gomes.
O Fígaro de Mozart e Da Ponte é o mesmo personagem de "O Barbeiro de Sevilha", que seria imortalizado, em ópera de 1816, por Giacomo Rossini. Ele tem como origem peça do dramaturgo francês Pierre Augustin de Beaumarchais, que toma Sevilha, na Espanha, como uma espécie de metáfora para discorrer sobre o patético comportamento da nobreza na segunda metade do século 18.
A ópera de Mozart estreou em Viena, em 1786. É alegre, lasciva, movimentada. Teatralmente bem-resolvida. E com um Mozart capaz de fornecer melodias belíssimas, maduras, em que as dissonâncias melódicas chegam a coincidir com as dissonâncias semânticas e narrativas do libreto.
A história é simples. Almaviva quer seduzir Suzana, criada de sua mulher, que por sua vez está para se casar com Fígaro. Mas não consegue, em razão da intervenção de outros personagens em situações e peripécias inesperadas e incríveis. É ver para crer.