São Paulo, quinta-feira, 24 de novembro de 2005

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MOSTRA

Resfest traz trabalhos de Michel Gondry, Mike Mills e Chris Cunningham; Beck e New Order têm retrospectiva de videoclipes

Festival investe na vanguarda do audiovisual

ADRIANA FERREIRA SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de passar por Nova York, Chicago e São Francisco, a edição de 2005 do festival multimídia Resfest chega amanhã a São Paulo trazendo parte da programação exibida nas cidades norte-americanas, com destaque para filmes novíssimos como "Infamy", recém-terminado documentário do diretor Doug Pray sobre grafiteiros dos EUA.
Em seu quarto ano no Brasil -ele existe há dez no exterior-, o evento cresce, recebe mais obras de brasileiros e passa a ocupar duas salas de cinema. São mais de 200 trabalhos, divididos em mostras de curtas e longas-metragens, de videoclipes e de design gráfico.
Ainda que não provoque tanto estardalhaço quanto outras mostras de cinema que ocupam a cidade, o Resfest é um dos festivais que mais atrai os interessados em experimentações e cinema de vanguarda, por conta dos nomes que encabeçam seu programa.
A maioria deles participa com videoclipes, formato no qual acontecem muitas das melhores experimentações audiovisuais. Neste ano, um dos principais convidados é Mike Mills, diretor de clipes do Air e Moby, entre outros, de quem serão exibidos os curtas-metragens "Not How, What or Why, But Yes" e "The Architecture of Reassurance".
Outros dois nomes recorrentes do Resfest, Michel Gondry e Chris Cunningham, também integram a relação de bambas, que traz ainda uma seleção de vídeos do coletivo escandinavo Traktor e duas retrospectivas pops: do cantor Beck e do grupo New Order.
"Eles são mestres de uma linguagem superjovem", explica Carlos Farinha, 35, um dos curadores do Resfest. "São pessoas renomadas dentro de um universo de diretores que fazem publicidade, videoclipes, animações e documentários autorais", diz.
Farinha faz questão de destacar que, ainda que os vídeos musicais ocupem boa parte da programação, o Resfest não é um evento temático. "É um festival de cultura pop, tem um pouco de tudo", afirma. "O conceito é muito amplo e inclui cinema digital, videoclipes, moda, arte, shows..."
A parte musical aliás, como no ano passado, começa com uma baixa: o cancelamento do show do grupo de pós-rock TV On the Radio, que não virá por conta da morte do pai de um dos integrantes. Em 2004, a banda Lali Puna desistiu em cima da hora. Com isso, o único show acontece neste domingo, quando toca o duo berlinense Tarwater, que faz uma música com influências de electropop, pós-rock e de bandas como Velvet Underground.

Inovadores
As sessões que reúnem novos talentos, como a Shorts, de curtas; Des, de design gráfico; e Triple Threat, com três jovens diretores, trazem boas surpresas. Entre elas, está a designer japonesa Nagi Noda, de quem será mostrado um vídeo em que uma mulher-poodle dá aulas de ginástica para poodles com corpo de mulher. Hilário.
Outra revelação é a diretora brasileira Juliana Mundim, autora de um dos videoclipes que está na mostra da banda Pato Fu. Mundim tem um estilo delicado, que mescla animações e vídeo.
Dos longas escolhidos, além do já citado "Infamy", outro documentário, "Sou Feia Mas Tô na Moda", da diretora Denise Garcia, deve ser um dos mais concorridos. No filme, Garcia retrata funkeiras cariocas famosas, como Tati Quebra-Barraco e Deize Tigrona. Esta antes de estourar graças, principalmente, ao sample da cantora anglo-cingalesa M.I.A.


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