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Márquez ganha versão milionária
"O Amor nos Tempos do Cólera" custou R$ 90 milhões, foi rodado em inglês e tem atores latinos, como Javier Bardem
Elenco tem Fernanda Montenegro, a italiana Giovanna Mezzogiorno e a colombiana Marcela Mar, entre outros nomes
JULIO WIZIACK
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Florentino Ariza esperou 51
anos, nove meses e quatro dias
pelo amor de sua vida, Fermina
Daza. Personagens de "O Amor
nos Tempos do Cólera", um dos
livros mais famosos do colombiano Gabriel García Márquez,
eles ganharam vida no cinema
interpretados pelo espanhol
Javier Bardem e pela italiana
Giovanna Mezzogiorno.
A versão cinematográfica do
romance de García Márquez
estréia amanhã no Brasil e é
uma produção de US$ 50 milhões (cerca de R$ 90 milhões)
e, para recuperar o investimento rapidamente, o produtor
Scott Steindorff teve de rodá-la
em inglês.
"Seria complicado colocar legendas em inglês em uma produção voltada para o mercado
americano", afirma.
O problema é que, por exigência de García Márquez, com
quem o produtor passou dois
anos negociando os direitos autorais, Steindorff teve de contratar atores latinos. Nesse pacote entraram 90 colombianos e Fernanda Montenegro.
Por conta disso, o filme virou
uma colcha de retalhos lingüística. Em uma mesma cena, Bardem fala com Mezzogiorno
que, por sua vez, dirige-se a colombianos, uma mistura de sotaques de uma única vez que
acaba atrapalhando um pouco
a compreensão.
Essa particularidade pode
custar o sucesso do filme nos
EUA, onde houve críticas em
relação à escolha do elenco.
Eles alegam que os americanos
aceitariam o longa-metragem
com facilidade se os atores fossem de Hollywood.
Tanto que o diretor Mike Newell chegou a sondar Angelina
Jolie, Natalie Portman, Antonio Banderas e Johnny Depp,
entre outros.
Na Colômbia, os críticos não
perdoam o fato de uma das
obras mais famosas de García
Márquez ser feita em inglês.
No entanto, duas interpretações do longa foram as mais
elogiadas: a de Bardem e a de
Fernanda Montenegro.
Outra surpresa é a trilha sonora. A pedido do próprio García Márquez, a popstar Shakira
-também uma colombiana-
escreveu as canções. Um desavisado poderia não reconhecê-la nessa versão "acústica".
A Shakira dos sucessos das
danceterias cede espaço para
uma cantora de voz suave que,
de vez em quando, deixa escapar os seus trejeitos. O ponto
positivo é que isso acontece de
forma sutil. A música tem a
personalidade da artista, mas
não se sobrepõe à cena.
Também se destaca a fotografia, a cargo do brasileiro Affonso Beato. No filme, Beato
cuida para que o colorido da cidade de Cartagena seja valorizado. Nessa cidade, que remonta aos tempos dos piratas caribenhos dos séculos 18 e 19, os
coloridos dos prédios, praças,
ruelas, hotéis e monumentos
são muito mais intensos.
Foi o que seduziu o produtor
a alugar uma casa durante os
cinco meses de filmagens, no
ano passado, em vez de passar o
tempo em um hotel. Para ele, a
cidade virou seu segundo lar,
um caso de amor que só perde
para a paixão pela atriz colombiana Marcela Mar, que ele conheceu durante as filmagens.
Mar interpreta a professora
America Vicuña, uma das últimas na vasta lista de mulheres
com quem Florentino se envolveu, transformando-o em um
"Don Giovanni" caribenho.
O jornalista JULIO WIZIACK viajou a convite do
governo da Colômbia
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