São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 2001 |
Texto Anterior | Índice
TEATRO Diretor Jairo Maciel adapta texto de Jean Genet em teatro da boca-do-lixo com o Grupo Caminhando de Teatro "Querelle" é encenado em palco erótico FREE-LANCE PARA A FOLHA Um anjo que carrega consigo a busca pela verdade de cada um. Só que esta busca acontece na escuridão do submundo entre prostitutas e marinheiros bêbados. "Querelle - Um Anjo da Solidão", peça adaptada e dirigida por Jairo Maciel, do texto de Jean Genet (1911-1986), estréia hoje no teatro Studio, na rua Aurora (região central). "É um presente meu à cidade. Quero mostrar à classe média paulistana o que é o mundo dos excluídos", diz Maciel, 45. O diretor do grupo Caminhando de Teatro já é conhecido por apresentar suas peças na chamada "boca-do-lixo" de São Paulo. "Dois Perdidos numa Noite Suja", de Plínio Marcos, foi encenada num teatro do outro lado da rua, o Orion, em 2000. "O papel social do artista é mostrar às pessoas o cotidiano de uma vida que elas não querem ver. Quando o mendigo é transportado ao palco, ele se torna arte e as pessoas aceitam a realidade sem perceber", diz Maciel. Para ele, o mérito de Genet é trazer os marginalizados para a atenção da sociedade. Ele mesmo está engajado em projetos sociais. A influência do expressionismo de "Querelle" (1982), o filme de mesmo nome de Rainer Werner Fassbinder (1945-1982) aparece no trabalho de Maciel. "É maravilhosa a fragmentação das imagens para transmitir a confusão do que se sente." Querelle (Eduardo Poyares) é um marinheiro que volta à cidade natal após uma longa ausência. Homossexualismo, assassinatos, drogas, vingança e prostituição envolvem os personagens que o cercam num universo de marginalizados. A peça se passa no prostíbulo de uma tal Madame Lysiane e seu marido Nono. Todos ficam obcecados pelo protagonista. Questionamentos existenciais permeiam a trama. Jairo Maciel trabalha com o grupo catarinense Caminhando de Teatro há 17 anos. Uma novidade no elenco da peça será Matheus Carrieri, conhecido por seu trabalho na novela "Chiquititas" (SBT) e por posar nu para a revista "G". "O Rubens (Rodrigues, dono do teatro) chamou o Matheus, e eu gostei dele porque é uma pessoa sem preconceitos", diz o diretor. (ANA CÂNDIDA DE AVELAR) Peça: Querelle - O Anjo da Solidão Texto: Jean Genet Adaptação e direção: Jairo Maciel Com: grupo Caminhando de Teatro (Renato Menezes, Waldonatt Santos, Etienne Rocha, Gisele Crepaldi e outros) Quando: estréia hoje, às 21h; qui. a dom., às 21h Onde: teatro Studio (r. Aurora, 720, região central, tel. 220-6336) Quanto: R$ 20 Texto Anterior: Comemoração: Shows celebram a música paulistana Índice |
|