São Paulo, domingo, 25 de maio de 1997.



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Olodum bate tambor contra AIDS

ALEXANDRE LOURES
free-lance para a Folha

São Paulo se previne da AIDS ao ritmo de Olodum, Virgulóides e Raça Negra. É que as bandas realizam, hoje, no parque do Carmo, um show com farta distribuição de preservativos.
O evento, que é promovido por uma rádio local e pela Prefeitura da cidade, foi idealizado por José Virgílio, produtor do Olodum.
"Faz parte da política da banda a realização de shows com caráter institucional", diz Virgílio.
Segundo ele, o grupo, que tem 18 anos de existência, já fez shows em prol da doação de sangue e da erradicação da anemia falciforme -doença que resulta da alteração de um gene responsável pela hemoglobina-, mas ainda faltava fazer algo em relação à AIDS.
O Olodum apresentará neste show antigos hits como "Requebra" e "Avisa Lá", além das canções de seu mais recente CD, "Roma Negra", o 11º da banda.
"Devemos completar o ciclo desse disco, já que o outro está para sair", diz Virgílio.
O novo disco do Olodum deverá ser lançado em agosto e tem como tema o slogan da revolução francesa: "liberdade, igualdade, fraternidade". Esse também deverá ser o enredo que o bloco apresentará no Carnaval de Salvador em 98.
Precursor
Além de ter tocado com astros da música internacional, como Michael Jackson e Paul Simon, o Olodum carrega na bagagem o fato de ter sido o inventor do samba-reggae, ritmo que levou a Bahia ao topo das paradas em todo o Brasil.
"A música 'Requebra' foi que deu origem a essas danças com mais apelos corporais", diz Reni Veneno, cantor e compositor do grupo, em clara alusão ao grupo É o Tchan, que, quando ainda se chamava Gerasamba, chegou a abrir alguns shows para o Olodum.
Apesar da proximidade, os integrantes do Olodum reconhecem a diferença entre as bandas. "Temos uma postura mais social, embora eu ache que há espaço para todo mundo", diz, diplomaticamente, Pierre Onásis, também cantor e compositor do grupo.
Outra atração é o grupo paulistano Virgulóides, que, em apenas dois meses, já vendeu 120 mil cópias de seu CD de estréia, que leva o nome da banda.
"O mais surpreendente é que esta vendagem foi conseguida só com 'Bagulho no Bumba' tocando no rádio", diz Paulinho Giraia, baterista da banda, que conta, ainda, com Henrique Lima (guitarra e vocais) e Beto Demoreaux (baixo).
Os virgulóides fazem um som irreverente centrado na temática da juventude suburbana de São Paulo. "As música que fazemos são histórias que acontecem com a gente e com amigos", diz Giraia.
Segundo ele, "Bagulho no Bumba", que levou o grupo ao sucesso, é uma música de domínio público que conta a história de uma pessoa que toma uma "geral"-revista- de um policial enquanto volta, de ônibus, para casa.
Apesar dessa linha irreverente, os virgulóides não aceitam a comparação com os Mamonas Assassinas."Eles são insubstituíveis", diz Giraia, "e nossa banda não tem o lado engraçadinho apenas, procuramos também fazer um som bem trabalhado", acrescenta.
Pagode
O show no parque do Carmo ainda terá espaço para os pagodeiros do Raça Negra, que apresenta sucessos de seus 14 trabalhos.
A principal marca da banda, que já vendeu 10 milhões de discos em toda a carreira, é o romantismo e o carisma de seus integrantes.
Entre seus principais sucessos estão "Preciso Ter Alguém", "Cheia de Mania" e "Maravilha".

Show: Olodum, Raça Negra e Virgulóides Quando: hoje, às 11h Onde: parque do Carmo (av. Afonso de Sampaio e Souza, 951, Itaquera) Quanto: entrada franca


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