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Olodum bate
tambor
contra AIDS
ALEXANDRE LOURES
free-lance para a Folha
São Paulo se previne da AIDS ao
ritmo de Olodum, Virgulóides e
Raça Negra. É que as bandas realizam, hoje, no parque do Carmo,
um show com farta distribuição de
preservativos.
O evento, que é promovido por
uma rádio local e pela Prefeitura
da cidade, foi idealizado por José
Virgílio, produtor do Olodum.
"Faz parte da política da banda a
realização de shows com caráter
institucional", diz Virgílio.
Segundo ele, o grupo, que tem 18
anos de existência, já fez shows em
prol da doação de sangue e da erradicação da anemia falciforme
-doença que resulta da alteração
de um gene responsável pela hemoglobina-, mas ainda faltava
fazer algo em relação à AIDS.
O Olodum apresentará neste
show antigos hits como "Requebra" e "Avisa Lá", além das canções de seu mais recente CD, "Roma Negra", o 11º da banda.
"Devemos completar o ciclo
desse disco, já que o outro está para sair", diz Virgílio.
O novo disco do Olodum deverá
ser lançado em agosto e tem como
tema o slogan da revolução francesa: "liberdade, igualdade, fraternidade". Esse também deverá ser o
enredo que o bloco apresentará no
Carnaval de Salvador em 98.
Precursor
Além de ter tocado com astros da
música internacional, como Michael Jackson e Paul Simon, o Olodum carrega na bagagem o fato de
ter sido o inventor do samba-reggae, ritmo que levou a Bahia ao topo das paradas em todo o Brasil.
"A música 'Requebra' foi que
deu origem a essas danças com
mais apelos corporais", diz Reni
Veneno, cantor e compositor do
grupo, em clara alusão ao grupo É
o Tchan, que, quando ainda se
chamava Gerasamba, chegou a
abrir alguns shows para o Olodum.
Apesar da proximidade, os integrantes do Olodum reconhecem a
diferença entre as bandas. "Temos uma postura mais social, embora eu ache que há espaço para
todo mundo", diz, diplomaticamente, Pierre Onásis, também
cantor e compositor do grupo.
Outra atração é o grupo paulistano Virgulóides, que, em apenas
dois meses, já vendeu 120 mil cópias de seu CD de estréia, que leva
o nome da banda.
"O mais surpreendente é que esta vendagem foi conseguida só
com 'Bagulho no Bumba' tocando
no rádio", diz Paulinho Giraia, baterista da banda, que conta, ainda,
com Henrique Lima (guitarra e
vocais) e Beto Demoreaux (baixo).
Os virgulóides fazem um som irreverente centrado na temática da
juventude suburbana de São Paulo. "As música que fazemos são
histórias que acontecem com a
gente e com amigos", diz Giraia.
Segundo ele, "Bagulho no Bumba", que levou o grupo ao sucesso,
é uma música de domínio público
que conta a história de uma pessoa
que toma uma "geral"-revista-
de um policial enquanto volta, de
ônibus, para casa.
Apesar dessa linha irreverente,
os virgulóides não aceitam a comparação com os Mamonas Assassinas."Eles são insubstituíveis", diz
Giraia, "e nossa banda não tem o
lado engraçadinho apenas, procuramos também fazer um som bem
trabalhado", acrescenta.
Pagode
O show no parque do Carmo ainda terá espaço para os pagodeiros
do Raça Negra, que apresenta sucessos de seus 14 trabalhos.
A principal marca da banda, que
já vendeu 10 milhões de discos em
toda a carreira, é o romantismo e o
carisma de seus integrantes.
Entre seus principais sucessos
estão "Preciso Ter Alguém",
"Cheia de Mania" e "Maravilha".
Show: Olodum, Raça Negra e Virgulóides
Quando: hoje, às 11h
Onde: parque do Carmo (av. Afonso de
Sampaio e Souza, 951, Itaquera)
Quanto: entrada franca
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