São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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35º FESTIVAL DE INVERNO

Apresentação tem violinista prodígio e peça de Marlos Nobre, compositor-residente do evento

Encerramento tem música clássica a R$ 2

IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com o frio que tem feito em São Paulo, parece bem lógico que o encerramento do 35º Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão seja por aqui mesmo. Mas quem estiver com preguiça de sair de casa tem como estímulo adicional para largar o edredon e ir ao concerto um preço bem atraente: uma notinha azul de dois reais. Quase o mesmo, portanto, que custa o bilhete unitário de metrô (R$ 1,90) que deixa o usuário na estação da Luz, a poucos metros da Sala São Paulo, local do concerto.
Para quem ainda não conhece o famoso teto móvel, a chamada do público por trompetes (entoando um trecho da ópera "Lo Schiavo", de Carlos Gomes) e as colunas da antiga estação Júlio Prestes, convertida em sala de concertos, apresenta-se agora, portanto, uma das mais propícias ocasiões para ir até lá.
Vale lembrar que os ingressos para as apresentações regulares da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo na sala custam entre R$ 22 e R$ 70 e que, no caso de concertos de orquestras internacionais, estes valores chegam facilmente a três dígitos.
Repetindo o programa feito anteontem à noite no auditório Cláudio Santoro, em Campos do Jordão, a Sala São Paulo abriga hoje, às 17h, apresentação dos mais de 90 bolsistas -alguns com 12 anos de idade, mas com média em torno de 23- que estarão formando a Orquestra Acadêmica do Festival, e se apresentam sob a batuta de Roberto Minczuk (pronuncia-se "mintchúk"), diretor artístico do evento até 2006, e que ocupa também os cargos de diretor artístico adjunto e regente associado da Osesp.

Regente
Minczuk gravou com a orquestra, pelo selo escandinavo Bis, a integral das nove "Bachianas Brasileiras", de Villa-Lobos, um conjunto de três CDs com lançamento previsto ainda para este ano. Além disso, ele deve reger, como convidado, a Filarmônica de Israel, no ano que vem; e tem desenvolvido o trabalho de regente associado com a Filarmônica de Nova York.
O programa começa com "Kabbalaah", peça especialmente escrita para a ocasião pelo pernambucano Marlos Nobre, 65, que, neste ano, foi o compositor-residente do festival. Nobre ministrou aulas de composição em Campos do Jordão e teve várias de suas peças executadas durante o evento.
Em seguida, sobe ao palco o violinista Eugene Ugorski, 15, mais jovem do que a maioria da orquestra que o acompanha. Nascido em São Petersburgo, de família musical (ele costuma se apresentar em trio com Valeri Ugorski, flautista, e Luba Ugorski, pianista), Ugorski mudou-se aos cinco anos de idade para os EUA, onde está realizando seus estudos musicais. Ele tinha marcada para ontem, em Campos do Jordão, uma apresentação com um pianista brasileiro de sua mesma idade, o catarinense Pablo Rossi, que tocou na abertura do festival.

Prodígio
O violinista estreou com orquestra aos nove anos, ganhou alguns concursos norte-americanos e tocou neste ano, com a Boston Pops, a mesma obra que apresenta hoje por aqui o popular, vibrante e intenso concerto para violino de Tchaikovski.
Mantendo a estética romântica eslava da segunda metade do século 19, o programa termina com a riqueza melódica da "Sinfonia n.8" do mais popular compositor tcheco de todos os tempos: Antonín Dvorák, cujo centenário de morte está sendo celebrado em 2004.


CONCERTO DE ENCERRAMENTO. Com Eugene Ugorski, violino, e a Orquestra Acadêmica do Festival, regida por Roberto Minczuk. Quando: hoje, às 17h. Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº., tel. 3337-5414). Quanto: R$ 2


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