DA REPORTAGEM LOCAL

Há 15 anos, o físico e crítico de arte Mário Schenberg demonstrava-se um entusiasta das obras de Yutaka Toyota, 71, escultor japonês radicado no Brasil desde 1957, apesar de viver um período de cinco anos na Itália, entre 1963 e 1969.
Para Schenberg, "o círculo é o símbolo fundamental para Toyota. Símbolo multivalente do mundo da energia, da paz e do homem, que traduz o esmagamento pela alienação e a expansão libertadora. Seus quadros contêm sempre círculos, mandalas budistas, mundos pequenos de angústia e mundos grandes de esperança e integração cósmica".
"O circulo surge em minhas obras com um reflexo da filosofia zen-budista e da busca de representar a harmonia do que é invisível", diz o artista.
Essas obras circulares são bem conhecidas do paulistano. Elas estão em espaços importantes da cidade, a começar dos arredores do marco zero, na praça da Sé, na região central.
Na mostra que Toyota inaugura hoje, na galeria Multipla, o círculo continua essa referência fundamental, seja nas nove esculturas, nos oito relevos ou mesmo nas pinturas, um lado menos conhecido do pintor.
Segundo o crítico Jacob Klintowitz, essas pinturas são feitas de "superfícies e de partes encobertas e desveladas, agregadas de finas peles metálicas, ouro e prata, e elas se apresentam tão completas em seu enigma, que nada mais parece importante", escreve ele no texto do catálogo.
O artista expõe ainda na Multipla a instalação "Câmara Escura". "Sempre estou pensando em questões cósmicas e nessa instalação elas se revelam na exploração de luz e sombras", afirma Toyota.