São Paulo, sábado, 26 de janeiro de 2008

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Kossoy passeia pelo fantástico em exposição

Pinacoteca do Estado exibe 120 imagens do respeitado fotógrafo e teórico, que sintetizam produção desde 1955

Registros políticos, arquitetônicos e de influência cinematográfica também fazem parte de mostra em museu de SP

Boris Kossoy/Divulgação
Fotografia feita por Kossoy em Leverkusen, nos anos 80


MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

O fantástico, o político e o arquitetônico convivem na fotografia de Boris Kossoy, 66, que ganha uma exposição com cerca de 120 imagens na Pinacoteca do Estado. "Acho que desde 1955, ano dos meus primeiros registros, também na mostra, esses caminhos são traçados paralelamente. Às vezes um deles emerge, depois fica oculto, e assim vai", avalia Kossoy, um dos mais respeitados teóricos de fotografia no Brasil, professor da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo) e arquiteto de formação.
Essas primeiras imagens estão na abertura do espaço expositivo, com uma fotomontagem de um disco voador sobrevoando um ainda elegante bairro Campos Elíseos ou em um olhar da avenida São João com as bordas desfocadas. "A foto da avenida já revela algo cinematográfico, que também será uma influência forte em meus trabalhos", diz Kossoy.
O fotógrafo diferencia o fantástico, sua produção mais celebrada, do surreal. "São coisas distintas. O fantástico tem muito do literário, é a convivência de situações aparentemente desconexas que, com a quebra de um olhar monótono, criam uma nova verdade."
Nessa fase, Kossoy cria uma espécie de alter ego, Américo, um boneco que vai estar em diversos registros por toda a sua trajetória. "Não faço auto-retratos, o Américo já cumpre esse lado por mim", afirma ele.
Em algumas situações, o fantástico dialoga com o político, principalmente nas imagens de manequins retratadas por Kossoy. Uma delas, com manequins abandonados como se fossem cadáveres, feita nos anos 70, foi adquirida pelo MoMA, de Nova York, e usualmente é apontada como um dos destaques de sua fase política.
Os manequins farão parte de diversos momentos da fotografia de Kossoy. "Eles são uma espécie de síntese em minha obra. Olham para a câmera, participam de situações estranhas, meio vivos e meio mortos, parecem comentar algo."
O olhar mais documental de Kossoy também está presente na mostra, com fortes imagens de uma Nova York bastante degradada no início dos anos 70, por exemplo. Parte das fotografias farão parte de um livro retrospectivo que a Cosac Naify lançará no segundo semestre.


BORIS KOSSOY - O CALEIDOSCÓPIO E A CÂMERA
Quando:
de ter. a dom., das 10 às 18h; até 30/3
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 3324-1000)
Quanto: R$ 4; sáb., entrada franca


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