São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000

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DANÇA
Vera Mantero, que segue tendência de uma nova geração de criadores europeus, mostra "Poesia e Selvajaria" em SP
Portuguesa desorganiza representação

Divulgação
Cena de "Poesia e Selavajaria", em cartaz na Mostra Internacional Sesc de Dança


ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A máquina de lavar roupa, associada à dinâmica da coreografia, assinala o nonsense de "Poesia e Selvajaria", espetáculo que o grupo da coreógrafa portuguesa Vera Mantero apresenta somente hoje na Mostra Internacional Sesc de Dança.
Seguindo a tendência de uma nova geração de criadores europeus, Mantero procura desorganizar as regras convencionais de representação.
"Não me interessa fazer dança como expressão de virtuosismo e de uma beleza vinculada à vaidade. Para mim, tais ideais são poluidores", diz Mantero.
Nascida em Lisboa em 1966, ela formou-se em balé clássico, chegando a dançar no Ballet Gulbenkian durante cinco anos.
Em seguida, foi estudar em Nova York, onde o aprendizado de teatro, composição coreográfica e educação vocal lhe abriu as portas para novas possibilidades.
"Eu estava insatisfeita com minhas experiências anteriores. Tinha a sensação de que o balé clássico não era suficientemente expressivo e saí em busca de outros recursos."
De volta a Portugal, nos anos 90 Mantero participou intensamente do movimento de renovação da dança portuguesa, tornando-se uma de suas principais autoras. "Poesia e Selvajaria", coreografia que ela criou em 1998, dá sequência a um repertório que já mereceu retrospectiva em Lisboa.
Interpretada por seis bailarinos, entre os quais se inclui a própria Mantero, "Poesia e Selvajaria" costuma ser apresentada em arenas, capazes de aproximar o público do elenco.
"Não se trata de um espetáculo que proporciona uma visão pictorial, à distância. O espectador que procurar narrativas se sentirá frustrado. Nossa proposta é fazer com que o público elimine suas próprias barreiras e se abandone ao que poderá perceber no palco."
Segundo Mantero, "Poesia e Selvajaria" dá continuidade a uma pesquisa iniciada em seu espetáculo anterior, "A Queda de um Ego".
"A idéia de abertura vem norteando minhas criações. Ao deixar cair defesas, abandonando posturas lineares e racionais, novas possibilidades se abrem."

Espetáculo: Poesia e Selvajaria, de Vera Mantero
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, tel. 5080-3000)
Quando: hoje, às 21h
Quanto: R$ 4 a R$ 15



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