Comédia romântica do francês requenta interação entre humanos e anjos angustiados em Paris em preto-e-branco

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A atriz Rie Rasmussen vive anjo salvador em "Angel-A', comédia romântica em cartaz em SP

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Em "A Felicidade Não se Compra" (1946), de Frank Capra, o personagem de James Stewart decide se suicidar na véspera de Natal, mas é interceptado por um anjo da guarda que, para convencê-lo a viver, mostra a falta que faria à sua pequena cidade.
Esse ponto de partida é retomado pelo diretor e roteirista francês Luc Besson, com pequenas variações, em "Angel-A". O suicida (Jamel Debbouze, de "Dias de Glória" e "O Fabuloso Destino de Amélie Poulain"), por exemplo, não é flor que se cheire. Seu grande problema: evitar que os credores o matem antes que ele mesmo resolva fazer isso.
O anjo que lhe aparece pela frente (a esguia dinamarquesa Rie Rasmussen, de "Femme Fatale"), por sua vez, traz um amontoado de improbabilidades: por que salvá-lo e por que alguém tão linda destacada para um sujeito torto como ele?
Além disso, o encontro se dá em uma das pontes de Paris, cujos cenários de cartão-postal são usados sem a menor cerimônia, em fotogênico preto-e-branco. A cidade está para "Angel-A" assim como Berlim para "Asas do Desejo" (1987).

Wim Wenders
É do filme de Wim Wenders, por sinal, que Besson vai se aproximando à medida que a história caminha, com a transferência de interesse dos humanos imperfeitos para os anjos angustiados. Aqui, no entanto, prevalece o clima suave de comédia romântica.
Primeiro filme de Luc Besson como diretor desde "Joana d'Arc" (1999), "Angel-A" foi lançado na França em 2005 -antes de "Arthur e os Minimoys" (2006), que estreou no Brasil em março deste ano- e só agora chega por aqui. A demora fala sozinha pelo seu aspecto de "déjà-vu": nada de novo, ainda que bem requentado.