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São Paulo, sábado, 27 de setembro de 2003

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VIDEOBRASIL

Performance com vídeo e música em torno do tema da miscigenação acontece hoje no teatro do Sesc Pompéia

"Luz Morena" reúne Naná e Arto Lindsay

Ormuzd Alves/Folha Imagem
O percussionista Naná Vasconcelos, que se apresenta em performance ao lado de Arto Lindsay


DA REDAÇÃO

Três telões, com imagens de corpos e peles morenas, e um grupo de músicos liderado por Arto Lindsay e Naná Vasconcellos, são os principais ingredientes de "Luz Morena", performance que acontece hoje, no teatro do Sesc Pompéia, dentro da programação do Festival Internacional de Arte Eletrônica, o Videobrasil. O projeto é de Duncan Lindsay e foi realizado em parceria com o editor de vídeo e TV Quito Junqueira.
Arto, um "cult" da cena musical de Nova York e do circuito internacional, é autor, entre outros, dos ótimos CDs "Prize" e "Invoke" -este a ser lançado em novembro no Brasil. O talentoso personagem, meio americano, meio brasileiro, também dedica-se ao trabalho de produção musical. Produziu quatro CDs de Marisa Monte e, ao lado de Peter Scherer, o "Estrangeiro", marco na discografia de Caetano Veloso.
Naná Vasconcellos, como gostam de escrever os críticos, já poderia ser chamado de uma "lenda viva" da percussão, com longa e rica atuação internacional, trabalhos próprios e diversas participações a convite de músicos como Miles Davis, Ron Carter, Milton Nascimento e Gato Barbieri. Completam o grupo o guitarrista carioca Pedro Sá e o baterista Hugo Carranca, do Bonsucesso Samba Club, de Recife.
"Luz Morena" nasceu a partir de uma observação curiosa de Duncan Lindsay, irmão de Arto: a miscigenação brasileira estaria gerando, em São Paulo, um novo tipo de morenice, fruto do encontro de imigrantes nordestinos de origens diversas. "Há uma nova "raça" surgindo em São Paulo, que é resultado do casamento de pessoas de diferentes Estados do Nordeste, que lá não têm a mesma proximidade e a mesma possibilidade de casar e criar família", diz Duncan, que tratou de registrar em vídeo essas e outras morenas. "Não são imagens propriamente eróticas no sentido explícito, mas há erotismo nelas", diz.
Há um eixo pernambucano no espetáculo: além do recifense Naná Vasconcellos, Arto e Duncan, filhos de norte-americanos, passaram parte da juventude no Estado, com a família. "Luz Morena", nome da filha do percussionista, é uma expressão retirada de "Jogos Frutais", célebre poema do também pernambucano João Cabral de Melo Neto.
A parte musical reunirá alguns clássicos da canção brasileira sobre o tema, além de composições inéditas. Também serão lidos textos. "A idéia é fazer algo mais reflexivo, mais meditativo, em torno da miscigenação", diz Duncan.
Segundo Arto, a dimensão musical da performance foi pensada a partir de uma "convivência com as imagens". "Tem um pouco de show, no sentido tradicional, de apresentação de canções, mas também de trilha", diz. (MAG)

14º VIDEOBRASIL. Videoperformance de Duncan Lindsay e Quito Ribeiro, com Naná Vasconcelos e Arto Lindsay. Onde: Sesc Pompéia - teatro (r. Clélia, 93, região oeste, tel. 3831-7700). Quando: hoje, às 22h; o festival vai até 19/10. Quanto: grátis. Inf.: www.videobrasil.org.br.


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