São Paulo, segunda-feira, 27 de novembro de 2000

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FOTOGRAFIA
Celebridades da música, do cinema e das artes plásticas foram retratadas em preto-e-branco e sem armações

Esteves humaniza famosos em "Portraits"

Juan Esteves/Divulgação
Foto do cineasta inglês Peter Greenaway, um dos 55 "portraits" de Juan Esteves que ficam em cartaz até dia 17 de dezembro no MIS


EDER CHIODETTO
EDITOR-ADJUNTO DE FOTOGRAFIA

Uma reunião de artistas notáveis é o que a exposição "55 Portraits", de Juan Esteves, 42, mostra a partir de hoje no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Embora todas as fotografias tenham sido realizadas no Brasil nos últimos 10 anos, metade delas são de personalidades estrangeiras: os cineastas Peter Greenaway, Bernardo Bertolucci, Alan Parker, Pedro Almodóvar e Quentin Tarantino; os músicos Ron Carter, Charles Brown e Andreas Vollenweider; e a coreógrafa Pina Bausch, entre outros.
Entre os brasileiros há Tom Jobim, Hilda Hilst, David Zingg, Décio de Almeida Prado, Hector Babenco e Pietro Maria Bardi, por exemplo.
O "portrait", designação que no meio artístico confere uma maior sofisticação à palavra retrato, é prática que remete aos primórdios da fotografia.
A história da fotografia mostra, no entanto, que embora a angústia do fotógrafo nesse momento seja sempre a mesma, há muitas formas de se resolver um retrato.
Annie Leibovitz, em sua célebre série de retratos de famosos, centra foco no glamour, reforçando a imagem do personagem-mídia e retirando de seus retratados a possibilidade de serem vistos como simples mortais.
David Lachapelle (um dos 55 eleitos de Juan) aponta suas lentes nessa direção, mas, no entanto, acrescenta um entorno alegórico que, no final das contas, é como se ele estivesse se auto-fotografando o tempo todo.
Os "55 Portraits", todos em preto-e-branco, bebem na fonte de outro conceito. Para Juan, interessa enxergar em seus notáveis não a face midiática, a pose armada, o efeito produzido, mas sim o ser quase desconhecido que se esconde por trás da celebridade.
Não se trata de interpretar o personagem à luz de sua reputação, mas de despir o personagem para encontrar ali um ser comum, sem maneirismos, sem armações. Humanismo é o mote desses retratos.
O enquadramento clássico, a luz precisa e um primoroso rigor técnico conferem a "55 Portraits" uma sobriedade e uma determinação conceitual raras de se ver em profissionais especializados na área.
Junto com a exposição será lançado um livro-catálogo com todas as imagens da mostra, feitas nos últimos 10 anos. O livro estará à venda no MIS, e a renda será destinada a sociedade dos amigos do museu (Samis).

Exposição: "55 Portraits", de Juan Esteves Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, Jardim Europa, região sudoeste, tel. 3062-9197) Quando: vernissage hoje, às 20h; de 29/11 a 17/12, das 14h às 22h Quanto: entrada franca

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