Lígia Amadio rege Osusp no Theatro São Pedro

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O Theatro São Pedro tira amanhã os paulistanos do deserto de produções líricas com a primeira das cinco récitas de "Tosca", de Giacomo Puccini (1858-1924). Estreada em 1900, é uma das mais conhecidas óperas do repertório, que trará na atual produção os 54 músicos da Osusp (Sinfônica da Universidade de São Paulo), sob a regência de Lígia Amadio.
É o primeiro diferencial positivo da montagem. Com o fosso agora ampliado para acomodar um número maior de instrumentistas, o São Pedro sofria há anos de deficiência na qualidade sinfônica das óperas encenadas. "Tosca" combina sentimentos radicalizados com sutilezas refinadas, paradoxo que a maestrina e seus músicos (é a primeira vez que a Osusp faz ópera) resolvem com perfeição.
Outro diferencial está na direção cênica do veterano Fernando Bicudo. Ele mantém a datação original do enredo (junho de 1800) e fornece uma versão explícita do que ele próprio qualificou como "muita paixão no palco".
"Tosca" é uma ópera que, ao lado da intensa e bela música, possui em seus três atos uma rara intensidade teatral, com episódios que se sucedem rapidamente. É baseada numa peça do dramaturgo Victorien Sardou, com libreto de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa.
De certo modo, o espetáculo é um bom exemplo da nova política da Apaa (Associação Paulista dos Amigos das Artes), entidade do governo do Estado que administra o São Pedro, para produzir obras de iniciação operística e grande apelo musical. "Rigoletto", de Verdi, será a próxima montagem.