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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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TEATRO

Paulo Autran e Rubens de Falco encabeçam leitura de "Corrupção no Palácio da Justiça", peça do autor italiano

Ugo Betti tece trama palaciana de juízes

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
A partir da esq.: Paulo Autran, Rubens de Falco e José Renato


VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma trama palaciana digna das tragédias de Shakespeare, com o poder disputado a cadáveres. Aqui não há reis, príncipes, rainhas, mas juízes, muitos juízes.
Escrita em 1944, "Corrupção no Palácio da Justiça" é considerada a obra-prima de Ugo Betti (1892-1953), segundo principal nome da moderna dramaturgia italiana depois de Luigi Pirandello (1867-1936). O texto será apresentado hoje no ciclo "Leituras de Teatro" da Folha. Paulo Autran e Rubens de Falco encabeçam o elenco de nove atores, dirigidos por José renato, que assina a adaptação.
No palácio da Justiça de uma capital qualquer, nos anos 50, o ministério público apura a convivência de um dos magistrados com assassinato, desaparecimento de processos e outros crimes.
Como diz o representante do ministério público, Erzi (Elias Andreato), há uma ferida pustulenta debaixo da toga: corrupção.
Formado em direito, Betti atuou como juiz em várias regiões e colheu subsídios nos bastidores dos tribunais para alimentar sua dramaturgia permeada de ficções e realidade. As evidências levam primeiro ao presidente do tribunal, Vanan (Luis Serra). Sua filha reúne documentos para defendê-lo, mas é morta no interior do palácio. Ele, inocente, enlouquece.
Outro personagem ganha o posto de suspeito número um, o juiz superintendente Groz (De Falco), que morre e arrasta consigo as acusações do ministério.
Caminho aberto para Cust (Autran), promovido à presidência do tribunal, ele que urdiu tudo. "É um homem hipócrita, que não hesita diante de qualquer moral ou ética", diz Autran, 81, que já encenou outra peça de Betti, "Ilha das Cabras" (1957), dirigida em São Paulo e no Rio pelo italiano Adolfo Celi (1922-86).
"O cinismo chega a ser engraçado", diz José Renato, 77, sobre a peça, pessimista e trágica, espelho da injustiça humana. Segundo o diretor, a peça impulsionou, na Itália do pós-Guerra, a onda de investigações sobre o vínculo de juízes com a Máfia.
Completam o elenco da leitura de "Corrupção no Palácio da Justiça" os atores Ariel Mosche, Walter Mendonça, Riba Carloviti, Mauro de Almeida e Marissol Ribeiro. Há perspectiva de montar o espetáculo no próximo ano.
O evento começa às 19h30, no auditório da Folha (al. Barão de Limeira, 425, 9º andar, São Paulo). A entrada é franca. Os interessados devem fazer reservas, das 14h às 18h, pelo tel. 3224-03473, ou enviar e-mail para eventofolha@folhasp.com.br.


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