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"THE ETERNAL NOW"
Fotógrafo baiano lança livro e faz exposição com imagens de estúdio realizadas durante 30 anos
Mario Cravo Neto surge eternamente agora
Mario Cravo Neto/Divulgação
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A partir da esq., 'Nini Theilade, Danish Royal Ballet, 2000' presente no livro e na mostra; 'Atotô Olodé, Senhor dos Caminhos', que integra instalação; e 'Akira Profile with Talc, 97', que ilustra a capa da obra
EDER CHIODETTO
EDITOR DE FOTOGRAFIA
Mario Cravo Neto disse há
alguns anos para um grupo
de fotógrafos que a ele pouco importa a fotografia em si. Não são
imagens o que busca, mas a narrativa daquilo que está o tempo
todo presente e raramente visível.
A fotografia seria, assim, uma
forma de estancar a sangria do
tempo; não para divisar o antes e
o depois e demarcar questões
temporais, prática comum à fotografia, mas, antes, um jeito de
capturar nos instantâneos uma
série de entidades e ritos, procissão silenciosa de arquétipos que
se manifestam o tempo todo nos
nossos gestos, no cotidiano.
Uma bela comprovação dessa
tese, movida pelo sensorial, é o
belíssimo e irretocável livro "Laróyè" (Áries Editora), lançado em
2000, com imagens colhidas nas
ruas e praias de Salvador, local
onde "encontra-se o que a gente
tem carinhosamente em comum
e não agressivamente o que tem
de diferente", nas palavras de
Pierre Verger, mestre que deu régua e compasso a Cravo Neto.
"Laróyè" reuniu imagens feitas
entre 1974 e 2000 e revelou o até
então pouco conhecido trabalho
cor do artista, que se projetou no
circuito das artes com seus retratos em preto-e-branco.
E é justamente seu trabalho
mais conhecido que acaba de ser
editado no livro "The Eternal
Now" (Áries Editora), lançado na
semana passada na galeria André
Millan, a qual abriga uma mostra
com pouco mais de 20 imagens e
uma instalação com fotos de "Ilé
Opó Aganju", trabalho em progresso sobre o candomblé, projetadas nas paredes do espaço.
Foi um acidente automobilístico ocorrido em 1975 que, ao privar o artista de andar por um longo período, o obrigou a limitar-se
ao espaço de seu estúdio, onde
realizou grande parte de sua obra.
Daí a sua fotografia desse período
beber mais na fonte da escultura,
influência direta do escultor Mario Cravo Junior, seu pai, que da
própria fotografia. Artista recluso, imaginação alada. A fusão do
rigor estético do pai com os ensinamentos de mestre Verger encontraram na explosão criativa de
Cravo Neto o berço da criação voluntariosa. "The Eternal Now" é a
expressão da vida. A percepção de
que eterno é o presente. "Viver é
sentir-se perdido num momento
de beleza", diz o artista.
The Eternal Now
Autor: Mario Cravo Neto
Editora: Áries
Quanto: R$ 200 (240 págs.)
Exposição: galeria André Millan (r. Rio
Preto, 63, tel. 3062-5722)
Quando: de seg. a sex., das 10h às 19h,
sáb., das 11h às 17h; até 21/1 (fechado
de 23 de dezembro a 5 de janeiro)
Quanto: obras a US$ 5.000
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