São Paulo, sábado, 28 de novembro de 1998

Próximo Texto | Índice

MOSTRA
Artista abre exposição e lança livro na Pinacoteca
Bracher exibe esculturas públicas

CAMILA VIEGAS
especial para a Folha

Quem passar em frente à Pinacoteca do Estado, na praça da Luz, terá que contornar duas grandes esculturas de madeira instaladas na rua. As esculturas são de autoria de Elisa Bracher, que abre hoje, das 14h às 18h, uma exposição com outras dez peças no pátio externo da Pinacoteca.
Na ocasião, será lançado o livro "Madeira sobre Madeira" (Cosac & Naify), com fotografia de João Musa e texto de Rodrigo Naves sobre suas esculturas.
Elisa tem outra escultura montada em espaço público. Ela participa do projeto "Corredor Cultural Berrini, Museu a Céu Aberto", que pretende povoar com arte as praças da avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin.
"Na Pinacoteca, já está acontecendo o que ocorre na praça da Berrini: as pessoas passam na rua, dão uma abraçadinha na escultura e continuam em frente", conta Elisa.
Não é à toa que as pessoas sentem-se atraídas pelos enormes troncos encaixados (eles chegam a medir até nove metros de altura). O prazer que essas esculturas causam não é de ordem apenas visual.
São esculturas feitas para tocar. Elisa retira do tronco apenas a parte de madeira mole que apodrece -um aro externo- e explica que a forma facetada é consequência do procedimento. "Estou em busca do volume, e essa era a maneira mais eficiente de mantê-lo."
No texto de "Madeira Sobre Madeira", Rodrigo Naves chama atenção para o desenho geométrico irregular. "O fato de as toras terem arestas contribui decisivamente para que essas esculturas adquiram um movimento inesperado e original."
Para ele, a progressão que se estabelece com a aproximação e o encaixe entre as partes das esculturas procura restabelecer uma nova ordem entre os elementos, ativa as toras como um todo e tende a se expandir em busca de sua forma cilíndrica de origem. "Esse duplo movimento, entre as toras e no "interior' de cada tora, torna a dinâmica dessas peças ainda mais poderosa", escreve.
Além disso, as esculturas têm um perfume que reforça seu poder de atração. As madeiras de lei (Cabreúva, a mais escura; Peroba, a amarelada; Ipê, a avermelhada e a Angelin, a mais clara) misturam seu odor natural com o cheiro de óleo de linhaça que as protege. As mais claras, feitas com madeira Angelin, são as mais perfumadas. Perto dos parafusos de segurança, há ainda o cheiro do preparado naval que impermeabiliza a peça.
O comportamento das pessoas que abraçam as esculturas garante o sucesso de um dos maiores objetivos de Elisa. "Quero aproximar e colocar em pé de igualdade o observador e a obra de arte", diz.
˛
Mostra: Elisa Bracher Quando: hoje, das 14h às 18h (abertura). De ter. a dom., das 10h às 18h. Até 5/1 Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2, tel. 229-9844) Preço das obras: de R$ 15 mil a R$ 20 mil


Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.