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MOSTRA
Artista abre exposição e lança livro na Pinacoteca
Bracher exibe esculturas públicas
CAMILA VIEGAS
especial para a Folha
Quem passar em frente à Pinacoteca do Estado, na praça da Luz, terá que contornar duas grandes esculturas de madeira instaladas na
rua. As esculturas são de autoria de
Elisa Bracher, que abre hoje, das
14h às 18h, uma exposição com outras dez peças no pátio externo da
Pinacoteca.
Na ocasião, será lançado o livro
"Madeira sobre Madeira" (Cosac
& Naify), com fotografia de João
Musa e texto de Rodrigo Naves sobre suas esculturas.
Elisa tem outra escultura montada em espaço público. Ela participa do projeto "Corredor Cultural
Berrini, Museu a Céu Aberto",
que pretende povoar com arte
as praças da avenida Luís Carlos Berrini, no Brooklin.
"Na Pinacoteca, já está acontecendo o que ocorre na praça
da Berrini: as pessoas passam
na rua, dão uma abraçadinha
na escultura e continuam em
frente", conta Elisa.
Não é à toa que as pessoas
sentem-se atraídas pelos enormes troncos encaixados (eles
chegam a medir até nove metros de altura). O prazer que essas esculturas causam não é de
ordem apenas visual.
São esculturas feitas para tocar. Elisa retira do tronco apenas a parte de madeira mole
que apodrece -um aro externo- e explica que a forma facetada é consequência do procedimento. "Estou em busca do
volume, e essa era a maneira
mais eficiente de mantê-lo."
No texto de "Madeira Sobre
Madeira", Rodrigo Naves chama atenção para o desenho
geométrico irregular. "O fato
de as toras terem arestas contribui decisivamente para que essas
esculturas adquiram um movimento inesperado e original."
Para ele, a progressão que se estabelece com a aproximação e o
encaixe entre as partes das esculturas procura restabelecer uma
nova ordem entre os elementos,
ativa as toras como um todo e tende a se expandir em busca de sua
forma cilíndrica de origem. "Esse
duplo movimento, entre as toras e
no "interior' de cada tora, torna a
dinâmica dessas peças ainda mais
poderosa", escreve.
Além disso, as esculturas têm
um perfume que reforça seu poder de atração. As madeiras de lei
(Cabreúva, a mais escura; Peroba,
a amarelada; Ipê, a avermelhada e
a Angelin, a mais clara) misturam
seu odor natural com o cheiro de
óleo de linhaça que as protege. As
mais claras, feitas com madeira
Angelin, são as mais perfumadas.
Perto dos parafusos de segurança,
há ainda o cheiro do preparado
naval que impermeabiliza a peça.
O comportamento das pessoas
que abraçam as esculturas garante
o sucesso de um dos maiores objetivos de Elisa. "Quero aproximar e
colocar em pé de igualdade o observador e a obra de arte", diz.
˛
Mostra: Elisa Bracher
Quando: hoje, das 14h às 18h (abertura).
De ter. a dom., das 10h às 18h. Até 5/1
Onde: Pinacoteca do Estado (pça. da Luz, 2,
tel. 229-9844)
Preço das obras: de R$ 15 mil a R$ 20 mil
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