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ARTES PLÁSTICAS
Exposições ao ar livre no MAM-Ibirapuera, na USP e na Pinacoteca são boas opções para dias quentes
Jardins de esculturas florescem no verão
GUSTAVO FIORATTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Três jovens cinéfilos, infringindo as regras de segurança do Louvre, em Paris, apostam uma animada corrida pelos corredores do
museu, na tentativa de bater o recorde de velocidade conquistado
pelos personagens do filme "Bande à Part", de Jean-Luc Godard. A
pequena transgressão, exibida em
uma cena do filme "Os Sonhadores", de Bernardo Bertolucci, expõe a formalidade dos principais
espaços museológicos do mundo,
onde, geralmente, além de correr,
também não é permitido fumar,
comer, beber ou tocar nas obras.
São regras adotadas também
pelos museus de São Paulo, dos
quais é possível separar algumas
agradáveis exceções: nos jardins
que cercam o MAM, o MAC, a Pinacoteca e a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, quatro instituições que disponibilizam acervos de esculturas ao ar livre, muita
coisa é permitida. Correr, comer,
beber e fumar, por exemplo, o que
faz dessas três raras paisagens
verdes pinceladas com peças de
importantes escultores brasileiros
boas opções de passeio, principalmente durante o verão.
Uma das maiores coleções de
obras contemporâneas em ambiente externo da cidade, o Jardim de Esculturas do MAM foi
inaugurado em 1993 e ocupa uma
área de 6.000 m2 do parque Ibirapuera, localizada entre os pavilhões da Oca e da Bienal (Portão
3), com 28 esculturas.
Pouca gente anda por ali com o
objetivo específico de ver as peças.
O lugar funciona mais como um
corredor onde, quase acidentalmente, os passantes se deparam
com uma estrutura geométrica
em forma de aranha assinada por
Emanoel Araújo, uma árvore de
ferro e alumínio de Cleber Machado, ou um relógio de sol esculpido em ferro pelo português
Charles de Almeida.
No Jardim da Luz, onde estão
espalhadas esculturas do acervo
da Pinacoteca do Estado, a mesma informalidade do ambiente
externo é bem-vinda para muitos
dos visitantes.
"Eu não tenho muita paciência
para ficar dentro de um museu.
Num parque é diferente. Dá para
ficar horas", diz a enfermeira Lílian Figueiredo, 25, que saiu para
dar uma volta e acabou dedicando parte de seu sábado para contemplar as esculturas.
"A iluminação natural, o fundo
azul do céu e mesmo a brisa criam
um ambiente agradável para ver
as peças. A única desvantagem
em relação ao espaço tradicional
de exposição é a dificuldade de
conservação das peças, que também ficam mais sujeitas a atos de
vandalismos", analisa a geóloga
Márcia Faria, 39, que contemplava as esculturas do Jardim da Luz.
A observação de Márcia é pertinente. As peças assinadas por
Brecheret, Mario Martins, José
Bento, Arcângelo Ianelli, Nuno
Ramos e Lygia Reinach, entre outros artistas, estavam em bom estado de conservação, mas algumas identificações já estavam deterioradas, à exemplo das placas
metálicas que identificavam as
obras de Nuno Ramos e de Amilcar de Castro.
No Parque da Luz, havia seguranças orientados para censurar
atos de vandalismo. Mas, no Jardim das Esculturas do MAM, a
falta de vigilância permite irregularidades: no sábado, dia 25, adolescentes subiram e pularam sobre as placas de aço que compõem o trabalho "Sete Ondas", de
Amélia Toledo.
Com dimensões menores, o Jardim de Esculturas do MAC da
USP é outra boa opção ao ar livre.
A coleção reúne dez obras assinadas por Amilcar de Castro, Tomie
Ohtake, Emanoel Araújo, José Resende, entre outros artistas.
Uma das peças do espaço brinca
com o fato de estar exposta em
um ambiente externo. Trata-se de
um balanço, desses para crianças,
de autoria de Siron Franco, cujas
cadeiras são bustos de bronze dispostos de cabeça para baixo. A
obra foi interditada com cordas
de segurança para não ser usada
como brinquedo.
Na Fundação Maria Luísa e Oscar Americano as esculturas ocupam um espaço amplo, mas com
uma variedade menor de obras.
Com exceção de uma escultura,
todos os outros trabalhos, espalhados pelos 75 mil m2 do jardim,
são de autoria do construtivista
húngaro Karoly Pichler.
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