São Paulo, Sábado, 29 de Janeiro de 2000


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Bailarino foi adepto da experimentação

especial para a Folha

Steve Paxton nasceu em Tucson, cidade norte-americana do Arizona, onde se formou em ginástica. Ao mudar-se para Nova York, em 1958, passou a trabalhar com artistas da dança, do teatro e das artes visuais.
Em 1961, Paxton ingressou no grupo de Merce Cunningham, no qual dançou até 1965, quando resolveu dedicar-se à carreira independente, como coreógrafo e professor. Antes disso, ele já havia inscrito seu nome no movimento que abriu novas perspectivas para a arte contemporânea.
Junto com personalidades que se tornariam igualmente célebres, entre outras Trisha Brown, Paxton era adepto da pesquisa e da experimentação e, em vez das salas de concerto, preferia se apresentar em espaços anticonvencionais, como igrejas e ruas.
Foi em 6 de julho de 1962, na Judson Church do bairro nova-iorquino de Greenwich Village, que a geração de Paxton realizou seu primeiro concerto, assinalando os primórdios do pós-modernismo.
Em vez de espetáculos, o grupo integrado por Paxton definia suas apresentações como "performances", das quais também fizeram parte músicos, atores e artistas plásticos (entre eles Robert Rauschenberg).
Explorando movimentos da vida cotidiana e recorrendo a estruturas indeterminadas, próprias da improvisação, os coreógrafos da época lançaram uma nova maneira de fazer dança.
"A idéia de "performers" se apresentando como pessoas comuns não fundamentou somente a improvisação de contato, mas a dança contemporânea em geral", explicou Paxton à Folha.
"Provavelmente foi uma reação às invenções da geração anterior de coreógrafos, como Martha Graham, Doris Humphrey, George Balanchine, que usavam o movimento para criar imagens que contavam histórias ou ilustravam idéias literárias ou psicológicas. A nova direção foi articulada primeiramente por Merce Cunningham. Contudo costuma-se dizer que Cunningham abriu muitas portas, mas não escolheu todas elas. As últimas portas foram penetradas pela geração seguinte, da qual eu fiz parte, além de Trisha Brown, Yvonne Rainer e outros."
Adepto da contracultura, Paxton baseou a improvisação de contato no apoio mútuo entre duas ou mais pessoas. Com isso, a estruturação da coreografia se desenvolve por meio das informações transmitidas pelo toque, ou seja, o contato físico entre os bailarinos.
Nas apresentações em São Paulo, Paxton dançará, em parceria com Lisa Nelson, uma das peças emblemáticas de seu repertório: "PA RT", que estreou na Inglaterra em 1978.
"Solos e duetos se intercalam durante os 45 minutos de "PA RT". A música de Robert Ashley integra som de teclados e textos em inglês, falados pelo próprio compositor." No mesmo programa, há "Some English Suites", um solo de 1992 em que Paxton utiliza a "spine technique" ao som de Bach, além do solo "Dodo", em que Lisa Nelson estrutura a dança em relação ao espaço, a luz e o som. (AFP)


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