São Paulo, quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

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Crítica/"Barry e a Banda das Minhocas"

Dinamarqueses misturam minhocas e disco music em animação, e funciona

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DA REPORTAGEM LOCAL

A história é daquelas que só um conterrâneo de Lars von Trier pode achar corriqueira: o diretor dinamarquês Thomas Borch Nielsen, que tem por hábito fazer passeios noturnos nos quais colhe minhocas, notou, certa feita, que o bicho que tinha acabado de pegar estava "dançando" em sua mão ao som do clássico disco "Play that Funky Music", que ele ouvia.
Em vez de guardar para si esse pensamento estapafúrdio sobre uma "minhoca disco", Nielsen o tornou público: transformou-o na base para o desenho animado "Barry e a Banda das Minhocas", que estreia amanhã.
E a ideia funciona, ainda que num tratamento estritamente infantil. O Barry do título é uma jovem minhoca insatisfeita com seu papel predeterminado na base da cadeia alimentar, cujo único futuro é trabalhar na fábrica de adubos, como seu pai e todos seus amigos.
Quando descobre um disco de dance music, Barry é contagiado por um sentimento libertário e decide romper com a caretice que o aguarda, montando uma banda para tocar na TV.
O trunfo do filme é quebrar a estrutura razoavelmente convencional de seu roteiro com toques pouco comuns nas animações padrão -por exemplo, há uma minhoca "metaleira" que, na verdade, guarda enrustido um amor pelo ícone gay Village People (o que vem a calhar, já que as minhocas são hermafroditas).
Mesmo com uma qualidade técnica bem inferior ao padrão Pixar, a animação também se garante em termos visuais -e animar bichos que não têm braços nem pernas é particularmente difícil. E, é claro, há ainda uma irresistível trilha sonora de clássicos das pistas: "Disco Inferno", "YMCA", "Blame It on the Boogie", "I Will Survive" etc.


BARRY E A BANDA DAS MINHOCAS
Produção: Dinamarca/ Alemanha, 2008
Direção: Thomas Borch Nielsen
Onde: estreia amanhã nos cines Eldorado, Metrô Santa Cruz e circuito
Classificação: livre
Avaliação: bom



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