Steve Albini, que trabalhou com o grupo de Kurt Cobain, apresenta o trio Shellac em show hoje em SP, no clube Clash

Guitarrista e vocalista do Shellac, produtor segue turnê que ainda passa por Bauru e Sorocaba; trata-se de "rock minimalista e sem refrãos"

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Steve Albini (dir.) e membros da banda Shellac; músico diz que fará show "clássico de power trio'

LÚCIO RIBEIRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Uma parte significante da história do rock americano (mais ou menos) recente estará pulando e gritando com uma guitarra nas mãos hoje em São Paulo.
O sempre atarefado músico, compositor, produtor e jornalista musical Steve Albini traz sua cultuada banda Shellac pela primeira vez ao Brasil, em turnê que começou no Rio nesta semana, passou por Buenos Aires, Santiago e Porto Alegre e aporta nesta noite no Clash.
Lenda viva do "rock íntegro", "não-vendido" e considerado "um dos mais ocupados sujeitos da música independente americana", o ora guitarrista Albini sempre dividiu seu precioso tempo formando power trios de respeito (Big Black, Rapeman e, desde 1992, o Shellac) e produzindo discos de bandas importantes.
"É por isso que demoramos tanto para vir a um lugar incrível como o Brasil", justifica Albini à Folha, em entrevista por telefone, logo após a passagem de som para o show no Rio de Janeiro, na última terça.
"Por causa dos compromissos como produtor, não consigo ficar muito longe do meu estúdio em Chicago. Todos da banda têm trabalhos regulares.
Então, uma turnê do Shellac muitas vezes significa perder dinheiro para nós."
No currículo de produtor de Steve Albini consta, entre os cerca de 2.000 álbuns que já levaram sua pesada assinatura, trabalhos com o primeiro dos Pixies, o polêmico terceiro do Nirvana, mais PJ Harvey, Page and Plant e The Stooges.
No começo dos anos 90, quando Kurt Cobain pirou com o sucesso popular do álbum "Nevermind", ele entregou a Albini a função de tornar o disco seguinte, o "In Utero", um álbum mais "difícil". O resultado ficou tão não-palatável que a gravadora (Geffen) e o Nirvana negociaram uma "suavizada" em algumas faixas.
"A história é mais ou menos essa", diz Albini, sem contar muito. "Na época, o Nirvana chegou do Brasil com algumas demos quase prontas para mim", recorda o produtor-guitarrista, lembrando que a banda de Kurt Cobain realizou umas sessões de gravações para o disco "In Utero" no Rio, quando vieram tocar no Brasil.
Sobre o show do Shellac, para quem não é familiarizado com o "rock minimalista e sem refrãos" da banda, Albini dá o toque: "É uma apresentação clássica de power trio, sem surpresas. Pode ir".
O Shellac toca ainda nas unidades do Sesc em Bauru (SP), no dia 1º de abril, e em Sorocaba (SP), no dia 2.