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FOTOGRAFIA
``Paranapanema'', que abre hoje, reúne trabalhos de Paula Prandini, Maurizio Longobardi e Guto Arouca
Mostra traz novo olhar sobre sem-terra
free-lance para a Folha
A partir de hoje, os sem-terra do
acampamento Itaquaruçu chegam
a um bar na Vila Madalena, em São
Paulo.
Em torno de uma lona preta, semelhante às utilizadas para montagem de barracos, estão presas 40
imagens, emolduradas por arame,
que compõem a exposição ``Paranapanema'', no bar e danceteria
Brancaleone.
Realizados por três fotógrafos,
Maurizio Longobardi, Paula Prandini e Guto Arouca, os trabalhos
retratam o cotidiano dos sem-terra do Pontal do Paranapanema, região no extremo oeste do Estado
de São Paulo.
Entre as diversas visitas dos fotógrafos -Longobardi esteve em
Paranapanema seis vezes, Prandini, duas, e Arouca uma vez-,
ocorreram diversas alterações na
comunidade.
Paula Prandini, que visitou o
pontal em janeiro de 1996 e em
março deste ano, conta que na segunda ``expedição'' constatou que
o acampamento de Itaquaruçu
-apadrinhado pelo líder do Movimento dos Trabalhadores Sem
Terra, José Rainha Jr.- estava
mais vazio. ``Várias personalidades do grupo, como a `Loca', sumiram'', disse Prandini.
A fotojornalista conta que esse
fluxo migratório é o que mais lhe
interessou no trabalho.
Centrada em uma preocupação
mais antropológica do que artística, Paula Prandini registrou com
duas câmeras Nikon a vida cotidiana dos sem-terra.
Sebastião Salgado
Seus trabalhos são os que mais se
afastam de um registro à Sebastião
Salgado, fotógrafo que tem retratos de trabalhadores sem-terra em
exposição que acontece simultaneamente em diversos pontos da
cidade.
As 15 imagens coloridas procuram transmitir, sem dramaticidade, o clima de aventura das crianças, ``muito vivas'', que mudam
constantemente de acampamentos.
Em processo conhecido como
C-41, que mistura a fotografia em
cromo e a revelação utilizada para
negativos, Paula mostrou com cores ``estouradas'' que o cotidiano
dos sem-terra não é formado apenas por tiroteios, enterros e passeatas.
Cidade de Lona Preta
Assim como Paula, Maurizio
Longobardi também encontrou
frestas de alegria nos acampamentos de Paranapanema. Ele trabalhou com situações ``instantâneas'', registradas em câmera Polaroid, o que permitiu uma relação
``lúdica'' com os sem-terra.
Das cerca de 500 fotografias que
ele tirou, 300 ficaram com os trabalhadores. Seu trabalho central,
no entanto, não é com fotografias.
Longobardi realiza documentários para a TV italiana RAI. Hoje
ele apresenta um deles, o vídeo de
11 minutos ``Cidade de Lona Preta''. O trabalho, que já foi exibido
em 1996 no Fórum da Terra, reunião em Roma equivalente à RIO
92, mostra em imagens ``secas''
depoimentos de trabalhadores
sem-terra.
Ele continua acompanhando,
com a câmera Hi-8, oito desses
personagens e a evolução de suas
trajetórias.
Guto Arouca complementa a exposição com um olhar mais contundente sobre os sem-terra. O fotógrafo registrou o cotidiano dos
trabalhadores em imagens em preto-e-branco.
(CEM)
Exposição: Paranapanema
Fotógrafos: Maurizio Longobardi, Paula
Prandini e Guto Arouca
Vernissage: hoje, a partir das 20h
Quando: segunda a sábado, das 19h30 às
3h. Até 29 de maio
Onde: Brancaleone (r. Luis Murat, 298, Vila
Madalena, zona oeste, tel. 011/813-5118)
Preços das obras: de R$ 50 a R$ 100
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