|
Índice
"UMA ADOLESCENTE DE VERDADE"
Diretora francesa desenterra seu primeiro longa-metragem, realizado em 1976
Estréia de Breillat atesta falta de talento
CÁSSIO STARLING CARLOS
EDITOR DO FOLHATEEN
Sexo é uma forma de prazer
ou de sofrimento? Para a
maioria dos humanos, a resposta
afirmativa à primeira opção é
quase natural. Já entre aqueles
que preferem a opção dois estão a
cineasta francesa Catherine Breillat e, muitas vezes involuntariamente, os espectadores de seus filmes.
Breillat ganhou celebridade
com "Romance" (1999) por causa
das cenas "quentes" com a presença de Rocco Siffredi, garanhão
da indústria pornô. Além do escândalo, "Romance" não passava
de uma tentativa pretensiosa e entediante de encenar peculiaridades do desejo sexual feminino
acompanhada do já tradicional
blablablá que é marca registrada
de um certo cinema francês.
Com o sucesso na bagagem,
Breillat resolveu desenterrar esse
"Uma Adolescente de Verdade",
realizado em 1976 e jamais exibido. Nem precisava.
Assistir ao filme de estréia da diretora serve apenas para confirmar sua falta de talento. Aqui a vítima é Alice, uma garota de 15
anos e com os hormônios em estado de te(n)são permanente que
vai passar as férias na casa dos
pais no campo. Lá se entrega a todo tipo de parafilia.
Aí reside o problema maior do
cinema de Breillat. Por mais que
seus personagens busquem o prazer, prazer através do sexo é retratado como se fosse a máxima exceção. E, pior, a argumentação da
diretora em entrevistas denota
sempre a intenção de tirar do sexo
um significado "transgressivo".
Resta saber em que a sexualidade ainda poderia ser considerada
transgressão depois que foi convertida em fundamento da sociedade de consumo. Com sua câmera quase sempre à altura do
baixo-ventre, Breillat parece mesmo uma diretora interessada em
lucrar com os supostos "escândalos" provocados por seus filmes.
Uma Adolescente de Verdade
Une Vraie Jeune Fille
Direção: Catherine Breillat
Produção: França, 1976
Com: Charlotte Alexandra, Hiram Keller
e Rita Maiden
Índice
|