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Crítica/"Vamos Todos Dançar"
Divulgação
![](../images/i2907200604.jpg) |
Cena do documentário "Vamos Todos Dançar", com crianças de 11 anos de escolas públicas de Nova York |
Crianças dançam em filme encantador
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Um documentário sobre
crianças de escolas públicas que participam
de um concurso de dança de salão poderia, em tese, ser rodado
em qualquer cidade onde o sistema de educação promovesse
a atividade. Mas dificilmente
haveria cenário mais apropriado para isso do que Nova York,
pelos motivos expostos em
"Vamos Todos Dançar".
Primeiro, há a mística da
Broadway, que transformou a
cidade em meca dos que aspiram a se profissionalizar em espetáculos musicais. Hollywood
também ajudou a difundir, dos
clássicos da Metro ambientados ali até "Fama" (80), a idéia
de que a vida nova-iorquina
pulsa de acordo com o showbiz.
Vem daí um contraste que a
diretora estreante Marilyn
Agrelo e a roteirista Amy Sewell trabalham de modo discreto: as crianças de 11 anos que estrelam o filme não encaram a
dança como janela para a fama,
mas são atraídas, entre outras
coisas, por um "glamour" que
tem a ver com essa imagem.
Nova York contribui com outros ingredientes, como a diversidade sociocultural e o espírito de competitividade. Os
alunos das três escolas públicas
acompanhadas expressam naturalmente a convivência, nem
sempre harmônica, entre
crianças de origens distintas.
As aulas extracurriculares de
dança freqüentadas, fruto da
atuação de uma ONG, são lúdicas, mas trabalham com o horizonte de um concurso em que
só haverá uma escola vencedora. Pois estão todos os alunos
apresentados, na quinta série,
diante da constatação adulta de
que, no fim da linha, há um troféu esperando poucos.
Seria cedo para isso? "Vamos
Todos Dançar" sugere que não,
ao mostrar que o choro pela
derrota, se bem trabalhado por
professores, ambiente escolar e
famílias, pode representar um
capítulo importante no amadurecimento. No fundo, é disso
que trata o filme: crianças começam a virar adultas ao
aprender a dançar em par.
Para educadores, este documentário encantador oferece a
chance de retomar discussão
antiga: a importância de transformar a escola em espaço que
amplie, e não reduza, a perspectiva de futuro das crianças.
"Vamos Todos Dançar" demonstra que merengue, tango e
rumba também são animados
instrumentos de mobilização.
VAMOS TODOS DANÇAR
Direção: Marilyn Agrelo
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