São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Lobão traduz São Paulo em rock

Morando desde 2008 na Pompeia, músico carioca se diz "fascinado" pela cidade; mirando o futuro, faz show hoje na Clash

Biografia "autorizada e escancarada" do cantor deve ser lançada em dezembro, falando de seu período na prisão e de dramas pessoais

Lívia Ramirez/Divulgação
Lobão, que deve lançar disco em vinil até o fim do ano, posa para foto; repertório do show em SP deixa de lado hits do passado

JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Lobão cansou de dizer em entrevistas que sua única música alegre era "Corações Psicodélicos", de 1984. Não é mais. Escrita neste ano e escalada para fechar a apresentação que o carioca faz na Clash Club hoje, "Song for Sampa" agora faz companhia para o hit que lançou no LP "Ronaldo Foi pra Guerra".
Quem afirma é o próprio Lobão, feliz morador do bairro da Pompeia desde 27 de maio de 2008. ""Song for Sampa" é esfuziante. Nunca pensei ser capaz de escrever uma música sobre algum lugar sem um tom de crítica. Mas estou fascinado por São Paulo. E estou fascinado por me sentir desse jeito."
A composição é um rock veloz, com solo de guitarra dedicado a Luiz Carlini. Na letra, Lobão menciona a efervescência roqueira da rua Augusta e pede "eu quero alento para um recomeço".
"Tá todo mundo aqui: Pitty, Cachorro Grande, Nação Zumbi. São Paulo me lembra aquele começo dos anos 80, aquela sensação de "vamos invadir essa merda'", compara o músico.
Seu plano é lançar "Song for Sampa" num compacto em vinil até o fim do ano. O lado B teria uma releitura de "Me Deixa em Paz", samba de Monsueto e Ayrton Amorim que Lobão gostaria de registrar em dueto com Elza Soares. Ela também estará no repertório do show de hoje, que leva o nome de "Elétrico", justamente para marcar que a turnê de seu "Acústico MTV" terminou.
Outras garantidas no setlist são "Robô, Roboa", "Bambino" e "Os Tipos que Não Fui", dos primórdios de sua carreira. "A Queda", "Sozinha Minha" e "A Vida é Doce" representam sua produção noventista. Mas boa parte do repertório vem do CD "Canções Dentro da Noite Escura" (2005), seu último de inéditas.
"Se você é um quarentão em busca de nostalgia, não vá ao meu show. Não sou nenhum viajante do passado. Nunca estive tão apto a criar coisas novas. Estou com 51 anos e me sinto próximo do meu ápice criativo", diz. No palco, Lobão será acompanhado por um trio, com destaque para o guitarrista André Caccia Bava.
Enquanto segue negociando com a Sony a reedição de seu catálogo em CD, Lobão prepara o lançamento de algo que deve abalar o mercado editorial: em suas palavras, "uma biografia autorizada e escancarada". Previsto para chegar às prateleiras em dezembro deste ano pela Nova Fronteira, o livro será assinado pelo jornalista Cláudio Júlio Tognolli.
Lobão está no meio do processo de gravar suas recordações em fita. Ele promete contar tudo sobre o período em que ficou preso e outros dramas pessoais. "O Tognolli me deu a biografia do Johnny Rotten (vocalista do Sex Pistols) para ler. Aquilo é história da carochinha perto do que vivi. Vou chegar com o pé na porta. Neguinho vai pirar".


LOBÃO
Quando: hoje, às 22h30
Onde: Clash Club (r. Barra Funda, 969, tel. 3661-1500)
Quanto: R$ 30
Classificação: 18 anos




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