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Lobão traduz São Paulo em rock
Morando desde 2008 na Pompeia, músico carioca se diz "fascinado" pela cidade; mirando o futuro, faz show hoje na Clash
Biografia "autorizada e escancarada" do cantor deve ser lançada em dezembro, falando de seu período na prisão e de dramas pessoais
Lívia Ramirez/Divulgação
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Lobão, que deve lançar disco em vinil até o fim do ano, posa para foto; repertório do show em SP deixa de lado hits do passado
JOSÉ FLÁVIO JÚNIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Lobão cansou de dizer em
entrevistas que sua única música alegre era "Corações Psicodélicos", de 1984. Não é mais.
Escrita neste ano e escalada para fechar a apresentação que o
carioca faz na Clash Club hoje,
"Song for Sampa" agora faz
companhia para o hit que lançou no LP "Ronaldo Foi pra
Guerra".
Quem afirma é o próprio Lobão, feliz morador do bairro da
Pompeia desde 27 de maio de
2008. ""Song for Sampa" é esfuziante. Nunca pensei ser capaz
de escrever uma música sobre
algum lugar sem um tom de crítica. Mas estou fascinado por
São Paulo. E estou fascinado
por me sentir desse jeito."
A composição é um rock veloz, com solo de guitarra dedicado a Luiz Carlini. Na letra,
Lobão menciona a efervescência roqueira da rua Augusta e
pede "eu quero alento para um
recomeço".
"Tá todo mundo aqui: Pitty,
Cachorro Grande, Nação Zumbi. São Paulo me lembra aquele
começo dos anos 80, aquela
sensação de "vamos invadir essa merda'", compara o músico.
Seu plano é lançar "Song for
Sampa" num compacto em vinil até o fim do ano. O lado B teria uma releitura de "Me Deixa
em Paz", samba de Monsueto e
Ayrton Amorim que Lobão gostaria de registrar em dueto com
Elza Soares. Ela também estará
no repertório do show de hoje,
que leva o nome de "Elétrico",
justamente para marcar que a
turnê de seu "Acústico MTV"
terminou.
Outras garantidas no setlist
são "Robô, Roboa", "Bambino"
e "Os Tipos que Não Fui", dos
primórdios de sua carreira. "A
Queda", "Sozinha Minha" e "A
Vida é Doce" representam sua
produção noventista. Mas boa
parte do repertório vem do CD
"Canções Dentro da Noite Escura" (2005), seu último de
inéditas.
"Se você é um quarentão em
busca de nostalgia, não vá ao
meu show. Não sou nenhum
viajante do passado. Nunca estive tão apto a criar coisas novas. Estou com 51 anos e me
sinto próximo do meu ápice
criativo", diz. No palco, Lobão
será acompanhado por um trio,
com destaque para o guitarrista
André Caccia Bava.
Enquanto segue negociando
com a Sony a reedição de seu
catálogo em CD, Lobão prepara
o lançamento de algo que deve
abalar o mercado editorial: em
suas palavras, "uma biografia
autorizada e escancarada". Previsto para chegar às prateleiras
em dezembro deste ano pela
Nova Fronteira, o livro será assinado pelo jornalista Cláudio
Júlio Tognolli.
Lobão está no meio do processo de gravar suas recordações em fita. Ele promete contar tudo sobre o período em que
ficou preso e outros dramas
pessoais. "O Tognolli me deu a
biografia do Johnny Rotten
(vocalista do Sex Pistols) para
ler. Aquilo é história da carochinha perto do que vivi. Vou
chegar com o pé na porta. Neguinho vai pirar".
LOBÃO
Quando: hoje, às 22h30
Onde: Clash Club (r. Barra Funda, 969,
tel. 3661-1500)
Quanto: R$ 30
Classificação: 18 anos
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