Por fones, cegos acompanharão narração da ópera

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Num ano ruim para a ópera em São Paulo -o Teatro Municipal está sem temporada e em reformas, o São Pedro reduziu a programação- estreia na quarta a "Cavalleria Rusticana", de Pietro Mascagni (1863-1945).
Será no teatro São Pedro, com produção da Apaa (Associação Paulista dos Amigos da Arte), ligada ao governo do Estado. O elenco é muitíssimo bom, com os barítonos Rodrigo Esteves e Rodolfo Giugliani, os tenores Marcello Vannucci e Rubens Medina e a soprano Laura de Souza.
A orquestra é a Jovem Municipal de Guarulhos, dirigida por Emiliano Patarra, cujos músicos principiantes provaram competência em produções como "Gianni Schicchi", de Puccini. "Nosso repertório é um desafio para músicos que estão começando e pode ser interpretado com maior facilidade por quem já se profissionaliza", disse Patarra à Folha.
Pela primeira vez no Brasil, estarão disponíveis para deficientes visuais fones de ouvido com a tradução do que está sendo cantado e a descrição da cena, providenciados pelo Instituto Vivo (reservas pelo tel. 0/xx/11/7420-1599).
A "Cavalleria Rusticana" é um dos clássicos do repertório. Mascagni a estreou em 1890, depois de ganhar com ela o concurso Sonzogno para peças em um único ato. Em geral, é montada no mesmo espetáculo que "I Pagliacci", de Ruggero Leoncavallo. Foi o formato da última produção em São Paulo, há nove anos, com regência de Jamil Maluf, mas a segunda ópera será produzida em 2009.
A "Cavalleria" é uma tragédia em duas partes, separada por um "Intermezzo" que se tornou o trecho mais conhecido entre as composições do italiano Mascagni. O enredo é simples. Numa cidadezinha da Sicília, Turiddu é noivo de Santuzza. Mas seu coração e sua libido estão comprometidos com Lola, mulher casada com o carroceiro Alfio. Enciumada, Santuzza conta a Alfio sua condição de marido traído, que, por sua vez, apunhala o amante de sua mulher.