São Paulo, sábado, 29 de agosto de 1998

Próximo Texto | Índice

FESTIVAL
Take Six, Jimmy Smith e Astral Project estão na segunda edição do evento, que começa no dia 9 de setembro
Marantz Jazz Soundz volta ao Bourbon

CARLOS CALADO
especial para a Folha

São Paulo é uma cidade grande demais para ter somente um festival de jazz por ano. Essa é aposta do Marantz Jazz Soundz, evento que volta a ocupar o palco do Bourbon Street Music Club, de 9 a 13 de setembro.
A segunda edição do festival combina nomes consagrados, como o grupo vocal Take Six e o organista Jimmy Smith, com talentos em ascensão, como o cantor Kevin Mahogany e a banda Astral Project (leia a programação completa nesta página).
"A intenção, tanto do Bourbon Street como do patrocinador, é realizar o Marantz Jazz todos os anos", afirma Edgard Radesca, diretor da casa noturna.
Com três atrações por noite, o festival se abre com um programa voltado para o gospel -gênero musical que nasceu e cresceu nas igrejas negras dos EUA.
Já conhecido no Brasil, onde se apresentou algumas vezes, o sexteto vocal Take Six tem 11 anos de estrada. Seus integrantes começaram cantando música religiosa à capela (sem acompanhamento instrumental).
Porém, ao abrir seu repertório a outros gêneros, como o jazz, o rhythm & blues e o funk, o Take Six atingiu um público bem mais amplo que o das congregações religiosas. Tornou-se um dos conjuntos vocais mais populares e premiados de todos os tempos.
Já o grupo Brother Dan & The Harlem Ten é formado pelos dez vocalistas mais experientes do coral da igreja Mount Moriah -descoberta do produtor carioca Nelson Motta, que virou ponto turístico para brasileiros, no bairro nova-iorquino do Harlem.
A partir da segunda noite, o jazz domina o festival. O grande astro é Jimmy Smith, lendário organista norte-americano que continua na ativa, aos 72 anos.
Antes de se tornar o maior responsável pela popularização do órgão eletrônico, Smith revolucionou a linguagem desse instrumento. Mostrou que ele poderia ser usado em um contexto jazzístico, com as mesmas doses de swing que um sax ou um piano.
Nos últimos anos, com o órgão sendo redescoberto pela gerações mais jovens, Smith é cultuado como um pioneiro do acid jazz. Ver seu show vale por uma aula de história musical.
Até hoje inédito no Brasil, o grupo Astral Project é formado pelos melhores músicos de jazz contemporâneo de Nova Orleans: Tony Dagradi (sax), Steve Masakowski (guitarra), David Torkanowsky (piano), James Singleton (baixo) e John Vidacovich (bateria).
Na verdade, apesar de existir há 20 anos, o talento dos músicos do Astral Project é ainda pouco conhecido até mesmo no resto dos EUA. O grupo tem tudo para ser a grande surpresa do festival.
Emergente também é a carreira do vocalista Kevin Mahogany, 40, que nos últimos anos tem sido citado em todas eleições de melhores cantores de jazz, promovidas por revistas especializadas.
Dono de um vozeirão e especialista em "scat singing" (vocal com sílabas onomatopaicas), Mahogany tem um único CD lançado aqui: "Double Rainbow" (Enja Brasil). Foi visto também no filme de Robert Altman, "Kansas City".
O elenco completa-se com o quarteto liderado pelo tecladista Hildebrando Brasil, que vai abrir todas as noites, além de tocar entre os shows das atrações internacionais, no bar do Bourbon.
"Queremos que as pessoas já encontrem música ao vivo ao entrar na casa", diz Edgard Radesca, ressaltando que o festival não deve se limitar aos shows. As tradicionais jam sessions poderão se estender pelas madrugadas.
Os restritos 350 lugares da casa são, na opinião de seu diretor, uma vantagem. "O jazz encontra sua melhor expressão num local intimista. É nesses lugares que os músicos mais gostam de tocar."



Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.