EMERSON LOPES SILVA
free-lance para Folha

A Biblioteca Municipal Mário de Andrade encerra hoje, às 20h, com a leitura dramática da peça "Ubu Rei", de Alfred Jarry, o ciclo de leituras "Autores Excêntricos, Rebeldes e Malditos", coordenado por Cláudio Willer.
Quem faz a leitura de encerramento é Marcelo Fonseca, o mesmo ator que inaugurou "Autores...", contando desta vez com Cida Moreira, Carolina Gonzalez, Claudia Mello, Caco Mattos e Marat Descartes no elenco.
A série teve início em maio e o primeiro autor a ser abordado foi o marquês de Sade, com a apresentação de trechos de suas obras na interpretação de Fonseca. Essa leitura teve a participação de Eliane Robert de Moraes, uma das maiores especialistas brasileiras no autor cujo nome originou a expressão "sadismo".
A partir de então, passaram pelo evento artistas como Arnaldo Antunes, Maria Alice Vergueiro, Décio Pignatari e Roberto Piva, todos discutindo e atuando trechos de obras de escritores mortos, do marquês de Sade a Oswald de Andrade.
Segundo Marcelo Fonseca, para a sequência do ciclo, no próximo ano, a idéia é abordar obras de autores vivos.
O encerramento de "Autores...", tido por Fonseca como evento "cult", tem ele próprio no papel de um Pai Ubu com pitadas de Macunaíma em sua falta de caráter, preparo, ideologia, método ou inteligência. A Mãe Ubu será protagonizada pela cantora Cida Moreira, vestida em trajes carnavalescos.
Participam ainda Carolina Gonzalez como a irmã do autor Alfred Jarry -a mesma que, ao seu lado, consumiu cerca de 700 litros de vinho, absinto e conhaque em Paris, conforme contas deixadas em uma adega no ano de sua morte-, Claudia Mello fazendo as vezes da rainha Rosamunda e a dupla Caco Mattos e Marat Descartes interpretando vários papéis.
"Pai Ubu" estreou em 1896 tendo o próprio criador do personagem no papel-título em sua primeira encenação.
É uma espécie de livre adaptação de Macbeth, na qual encontramos um assassino burro e grotesco que é comandado por sua mulher, também egoísta e atrapalhada, que o incentiva a tomar a coroa da Polônia. A obra leva humor crítico ao personagem de Shakespeare e pode servir para reflexão sobre as produções teatrais contemporâneas.