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"A VINGANÇA DE WILLARD"
Filme narra história de homem com fobia social que tem ratos como única fonte de afeto
Terror coloca simbolismos no lugar dos sustos
Divulgação
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O ator norte-americano Crispin Glover em cena de "A Vingança de Willard", filme de horror de Glen Morgan em cartaz na cidade |
DA REDAÇÃO
Para quem acha que filme de
terror é feito para assustar, "A
Vingança de Willard" não serve
para muita coisa. Essa história de
um homem tímido, que encontra
na companhia de ratos o único refúgio de "sociabilidade", não se
resume a sustos.
Afinal, quem não tem medo
desses roedores assiste a essa parábola sem sentir muito incômodo. E quem sofre de fobia desses
bichos não vai querer nem passar
na porta do cinema.
O diretor Glen Morgan faz do
filme um exercício de estilo,
transforma a história em conto
gótico no qual os sustos habituais
dão lugar a um simbolismo visual
mais interessante. Willard é um
caso extremo de fobia social. Vive
em uma casa isolada com uma
mãe doente e possessiva. No trabalho, não consegue se adequar às
regras e é perseguido pelo patrão.
Nessa situação, os ratos se tornam
sua fonte de afeto. É com eles que
Willard se integra e neles incorpora seu amor e seu ódio, seu desejo
e sua vontade de destruição.
Como todo bom conto gótico,
esse também é feito de muitas
sombras: do porão, onde os ratos
se proliferam, às ruas escuras, onde Willard perambula e executa
seus atos de ódio. Assim, o fantástico substitui a sanguinolência
tradicional dos filmes de terror.
Explorando os ótimos recursos
da face estranha de Crispin Glover
(pálido e anguloso), "Willard"
transmite o medo como expressão de inadequação ao mundo.
Quando o humano se reaproxima do animal, quais as consequências? Quando o instinto se
apossa do lado dito civilizado, o
que pode acontecer?
Ao colocar ao espectador essas
perguntas, "Willard" se aproxima
de "Instinto Fatal", fantástico filme de George Romero em que o
"lado animal" também é força da
ação do ódio inconsciente. Mas
aqui o diretor não prefere nenhuma seriedade. Por isso, predomina a caricaturização dos personagens. Por isso também, mais do
que um filme de horror, "Willard" às vezes é uma comédia.
De estranheza em estranheza o
momento insuperável de humor
negro é quando se ouve a doce
canção "Ben", de Michael Jackson, logo quando se apresenta o
personagem Ben (o rato do
"mal", em oposição a Sócrates, o
rato do "bem"). Nem o estranhíssimo M. Jackson poderia imaginar.
(CÁSSIO STARLING CARLOS)
A Vingança de Willard
Willard
Produção: EUA, 2003
Direção: Glen Morgan
Com: Crispin Glover, R. Lee Ermey
Quando: em cartaz nos cines Butantã,
Shopping D e circuito
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