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Paulo Monteiro se divide entre pintura e desenho
Em individual na galeria Marília Razuk, pintor da geração 80 volta ao colorido em telas de estrutura mais contida
No lugar do intenso gestual, artista, que terá mostra da Pinacoteca, celebra a estrutura do desenho com linhas e áreas de cor sólida
Divulgação
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Obra em guache sem título de Paulo Monteiro, em sua individual na galeria Marília Razuk
DA REPORTAGEM LOCAL
No meio do caminho, havia
uma linha grossa de cor. "Meu
trabalho está entre a pintura e o
desenho", resume Paulo Monteiro em entrevista à Folha. Ele
descreve os 13 desenhos em
guache e seis peças em estanho
de sua individual em cartaz na
galeria Marília Razuk.
São telas coloridas, a maioria
vermelha e cor-de-rosa, estruturadas a partir de uma linha
espessa, muitas vezes fluorescente, que corta ao meio áreas
mais chapadas, de tons sólidos.
Mas não são linhas contínuas. Quando atravessam para
o campo de outro tom, viram só
rastro, sombra ou ponto de
passagem, como que sinalizando um caminho que o artista
pensou, mas não trilhou -uma
espécie de mapa tonal que
comporta também a hesitação.
Até porque, no espaço físico,
o cubo branco da galeria, também parece haver essa perda de
direção, o esfacelamento dos
volumes e das linhas em prol
de acúmulos irregulares e espontâneos de matéria: as barras de estanho afixadas como
intervalos nas paredes.
Intervalo estratégico
"Eu uso mais ou menos a
mesma estratégia no espaço físico e no papel", afirma Monteiro. "É abstrato, mas é um elemento no espaço que obedece
uma certa estratégia, a mesma
que eu uso no desenho."
As barras de estanho aqui
lembram o rodapé de chumbo
que o artista instalou numa parede do MAM-SP em 2006.
Num projeto que deveria ocupar todo o muro, Monteiro se
conteve na margem inferior,
uma massa residual que foge do
centro das atenções.
São todas esculturas que fazem, agora, as vezes do gesto
que marcou a obra do artista.
Conhecido por suas grandes telas abstratas dos anos 80, carregadas e densas até não poder
mais, Monteiro agora segue
uma cartilha mais dócil, concentrando no espaço físico a fúria que descontava na tela.
Para efeito de comparação, a
Estação Pinacoteca abre no dia
13 de dezembro uma grande retrospectiva com 140 obras de
Monteiro, entre elas 44 telas a
óleo e guaches, trabalhos de
1989 até os dias de hoje.
Agora, parece ter sobrado só
a estrutura, muito mais contida, no plano bidimensional.
Com a diferença de que sobreveio a cor mais forte. "Eu tinha
muito preconceito com cor
quando eu comecei", conta
Monteiro. "Achava a cor algo
artificial, que não revelava a estrutura do quadro; a estrutura
era sempre o desenho."
Passada essa fase, Monteiro
não esconde rosas, vermelhos e
violetas. Ele diz que busca "menos drama e mais felicidade".
(SILAS MARTÍ)
PAULO MONTEIRO, RAFAEL
CARNEIRO, RENATA DE BONIS E
RODRIGO BIVAR
Quando: de seg. a sex., das 10h30 às
19h; sáb., das 11h às 15h; até 23/12
Onde: Marília Razuk (r. Jerônimo da
Veiga, 62, tel. 3079-0853)
Classificação indicativa: livre
Quanto: entrada franca
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