São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Paulo Monteiro se divide entre pintura e desenho

Em individual na galeria Marília Razuk, pintor da geração 80 volta ao colorido em telas de estrutura mais contida

No lugar do intenso gestual, artista, que terá mostra da Pinacoteca, celebra a estrutura do desenho com linhas e áreas de cor sólida


Divulgação
Obra em guache sem título de Paulo Monteiro, em sua individual na galeria Marília Razuk

DA REPORTAGEM LOCAL

No meio do caminho, havia uma linha grossa de cor. "Meu trabalho está entre a pintura e o desenho", resume Paulo Monteiro em entrevista à Folha. Ele descreve os 13 desenhos em guache e seis peças em estanho de sua individual em cartaz na galeria Marília Razuk.
São telas coloridas, a maioria vermelha e cor-de-rosa, estruturadas a partir de uma linha espessa, muitas vezes fluorescente, que corta ao meio áreas mais chapadas, de tons sólidos. Mas não são linhas contínuas. Quando atravessam para o campo de outro tom, viram só rastro, sombra ou ponto de passagem, como que sinalizando um caminho que o artista pensou, mas não trilhou -uma espécie de mapa tonal que comporta também a hesitação.
Até porque, no espaço físico, o cubo branco da galeria, também parece haver essa perda de direção, o esfacelamento dos volumes e das linhas em prol de acúmulos irregulares e espontâneos de matéria: as barras de estanho afixadas como intervalos nas paredes.

Intervalo estratégico
"Eu uso mais ou menos a mesma estratégia no espaço físico e no papel", afirma Monteiro. "É abstrato, mas é um elemento no espaço que obedece uma certa estratégia, a mesma que eu uso no desenho."
As barras de estanho aqui lembram o rodapé de chumbo que o artista instalou numa parede do MAM-SP em 2006. Num projeto que deveria ocupar todo o muro, Monteiro se conteve na margem inferior, uma massa residual que foge do centro das atenções.
São todas esculturas que fazem, agora, as vezes do gesto que marcou a obra do artista. Conhecido por suas grandes telas abstratas dos anos 80, carregadas e densas até não poder mais, Monteiro agora segue uma cartilha mais dócil, concentrando no espaço físico a fúria que descontava na tela. Para efeito de comparação, a Estação Pinacoteca abre no dia 13 de dezembro uma grande retrospectiva com 140 obras de Monteiro, entre elas 44 telas a óleo e guaches, trabalhos de 1989 até os dias de hoje.
Agora, parece ter sobrado só a estrutura, muito mais contida, no plano bidimensional. Com a diferença de que sobreveio a cor mais forte. "Eu tinha muito preconceito com cor quando eu comecei", conta Monteiro. "Achava a cor algo artificial, que não revelava a estrutura do quadro; a estrutura era sempre o desenho."
Passada essa fase, Monteiro não esconde rosas, vermelhos e violetas. Ele diz que busca "menos drama e mais felicidade". (SILAS MARTÍ)


PAULO MONTEIRO, RAFAEL CARNEIRO, RENATA DE BONIS E RODRIGO BIVAR
Quando: de seg. a sex., das 10h30 às 19h; sáb., das 11h às 15h; até 23/12
Onde: Marília Razuk (r. Jerônimo da Veiga, 62, tel. 3079-0853)
Classificação indicativa: livre
Quanto: entrada franca



Próximo Texto: Mostra reúne pintores da nova geração
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.