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MÚSICA
Coletivo de rap se apresenta hoje no Sesc Pompéia
Quinto Andar atesta confluência entre hip hop paulista e carioca
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
Não existe uma cena hip hop no
Rio de Janeiro, mas, em São Paulo, o rap carioca funciona. Mais
do que divididos por uma barreira, artistas dos dois Estados destilam rimas em harmonia, e talvez
seja esse o principal ponto da
existência do Quinto Andar, coletivo que se apresenta hoje na choperia do Sesc Pompéia.
O grupo é formado por MCs,
DJs e músicos de Niterói, São Paulo e Belo Horizonte. São nomes
como De Leve, DJ Castro, Shawlin, Tapechu, Lombriga, Kamau... E convidados, como o rapper Gato Congelado (de Osasco).
O primeiro disco do Quinto Andar, "Piratão", veio há pouco mais
de três meses, encartado na revista "Outracoisa". "Agora estamos
correndo atrás de shows", diz De
Leve, que no ano passado lançou
o seu "Estilo Foda-Se".
Mesmo com divulgação não
muito ampla, o rap despretensioso, bem-humorado e livre de
amarras do disco arregimentou
mais fãs em São Paulo, cidade tomada pelo rap de cunho social,
ativista, do que no Rio de Janeiro.
"No Rio não tem uma cena hip
hop. Tem umas dez bandas, talvez, mas não existe uma indústria
de hip hop. Por um lado é bom",
diz. "O funk é a linguagem da periferia do Rio. O rap sempre foi
mais associado a São Paulo."
Hoje o Quinto Andar está tão
cheio de paulistas quanto de cariocas, como atestam Kamau,
Lombriga Tremora, Gato Congelado. Há, ainda, conexão com outros artistas de São Paulo, como
Mzuri Sana e Mamelo Sound
System, que também atuam dentro de um hip hop underground,
aberto a experimentações.
"Não sei quais são as influências... Primeiro vem a vontade de
fazer. Se tem alguém que ouve,
continuamos fazendo. A sonoridade vem depois."
Coletivo com um discurso que
mete a boca na indústria do disco,
em uma certa classe média "burra", o Quinto Andar faz escoar de
suas letras rimas animadas sobre
pirataria ("Melô da Pirataria"),
Gugu, LS Jack, MP3, celulares
("Melô da Propaganda") e, até,
amor ("Pra Falar de Amor").
Normalmente os shows do grupo são acompanhados por alguns
músicos, como guitarrista e trompetista. Hoje, os MCs serão apoiados apenas por bases eletrônicas.
"Não sei para onde o rap está indo, mas não acho que tenha estagnado", afirma De Leve, sobre o
gênero. "O hip hop estava meio
afastado da mídia, mas reapareceu com outras pessoas que estavam escondidas."
Quinto Andar
Quando: hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Água
Branca, tel. 3871-7700)
Quanto: de R$ 4 a R$ 12
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