São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

Texto Anterior | Índice

MÚSICA

Coletivo de rap se apresenta hoje no Sesc Pompéia

Quinto Andar atesta confluência entre hip hop paulista e carioca

THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL

Não existe uma cena hip hop no Rio de Janeiro, mas, em São Paulo, o rap carioca funciona. Mais do que divididos por uma barreira, artistas dos dois Estados destilam rimas em harmonia, e talvez seja esse o principal ponto da existência do Quinto Andar, coletivo que se apresenta hoje na choperia do Sesc Pompéia.
O grupo é formado por MCs, DJs e músicos de Niterói, São Paulo e Belo Horizonte. São nomes como De Leve, DJ Castro, Shawlin, Tapechu, Lombriga, Kamau... E convidados, como o rapper Gato Congelado (de Osasco).
O primeiro disco do Quinto Andar, "Piratão", veio há pouco mais de três meses, encartado na revista "Outracoisa". "Agora estamos correndo atrás de shows", diz De Leve, que no ano passado lançou o seu "Estilo Foda-Se".
Mesmo com divulgação não muito ampla, o rap despretensioso, bem-humorado e livre de amarras do disco arregimentou mais fãs em São Paulo, cidade tomada pelo rap de cunho social, ativista, do que no Rio de Janeiro.
"No Rio não tem uma cena hip hop. Tem umas dez bandas, talvez, mas não existe uma indústria de hip hop. Por um lado é bom", diz. "O funk é a linguagem da periferia do Rio. O rap sempre foi mais associado a São Paulo."
Hoje o Quinto Andar está tão cheio de paulistas quanto de cariocas, como atestam Kamau, Lombriga Tremora, Gato Congelado. Há, ainda, conexão com outros artistas de São Paulo, como Mzuri Sana e Mamelo Sound System, que também atuam dentro de um hip hop underground, aberto a experimentações.
"Não sei quais são as influências... Primeiro vem a vontade de fazer. Se tem alguém que ouve, continuamos fazendo. A sonoridade vem depois."
Coletivo com um discurso que mete a boca na indústria do disco, em uma certa classe média "burra", o Quinto Andar faz escoar de suas letras rimas animadas sobre pirataria ("Melô da Pirataria"), Gugu, LS Jack, MP3, celulares ("Melô da Propaganda") e, até, amor ("Pra Falar de Amor").
Normalmente os shows do grupo são acompanhados por alguns músicos, como guitarrista e trompetista. Hoje, os MCs serão apoiados apenas por bases eletrônicas.
"Não sei para onde o rap está indo, mas não acho que tenha estagnado", afirma De Leve, sobre o gênero. "O hip hop estava meio afastado da mídia, mas reapareceu com outras pessoas que estavam escondidas."


Quinto Andar
Quando:
hoje, às 21h
Onde: Sesc Pompéia (r. Clélia, 93, Água Branca, tel. 3871-7700)
Quanto: de R$ 4 a R$ 12


Texto Anterior: "O Estrangeiro" cutuca moralismo e hipocrisia política com arapuca
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.