DA REDAÇÃO

O cinema espanhol pós-Almodóvar vive um momento de intensa e produtiva criatividade. Se excelentes exemplos, como o drama social "Segunda-Feira ao Sol", de Fernando Leon de Aranoa, ou o intrigante "Lucia e o Sexo", de Julio Medem, conseguem alcançar essas plagas e invadir o circuito comercial, infelizmente essa não é a regra.
"O Outro Lado da Cama", que estreou nesta semana em São Paulo, é nada mais que uma ingênua e divertida comédia adolescente, metida a musical, onde se salvam algumas poucas participações isoladas. É o caso de Ernesto Alterio, filho do grande ator argentino Hector Alterio ("A História Oficial", "O Filho da Noiva"), que aqui vive um sujeito mulherengo sempre às voltas com suas estratégias para enganar as amantes e a mulher. Esta é nada menos que Paz Vega, a estrela de "Lucia e o Sexo" e nome de ponta do novo cinema espanhol.
O tom despretensioso lembra o criativo e bom astral "Albergue Espanhol" (co-produção Espanha-França, também em cartaz na cidade), mas perde deste no que diz respeito ao roteiro, aqui fraquíssimo, e à atuação do restante do elenco -tirando Alterio e Vega, não há quem se salve.
Na história, dois casais, Sonia (Vega) e Javier (Alterio) e Pedro (Guillermo Toledo) e Paula (Natalia Verbeke), colapsam. Javier, um conquistador que vive metendo os pés pelas mãos, tem um caso com Paula. O casamento desta se dissolve e o dele balança porque Sonia, apiedada do abandonado Pedro, quer consolá-lo.
A troca de casais é acompanhada por números musicais -não de todo ruins, declaradamente pop e recheados de referências oitentistas- e pela inserção de novos personagens -excessivamente caricaturais- à trama. Só estes poderiam responder sozinhos pelo fracasso da empreitada. O resultado é uma versão hispânica e esculhambada de "Todos Dizem Eu te Amo", de Woody Allen.
(SYLVIA COLOMBO)

Do Outro Lado da Cama
El Otro Lado de la Cama
 
Produção: Espanha, 2002
Direção: Emilio Martinez Lazaro
Com: Ernesto Alterio, Paz Vega
Quando: em cartaz no Cineclube DirecTV e Lumière