São Paulo, quarta, 2 de abril de 1997.

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AGRICULTURA ORGÂNICA
Cerca de 3.000 t do produto serão vendidas à Europa, EUA e Japão
Paraná exporta soja 30% mais cara

MARCELO NEGROMONTE
da Reportagem Local

O Estado do Paraná está exportando soja orgânica com um preço 30% superior ao da soja cultivada com agrotóxicos.
Os agricultores de Capanema, cidade próxima à fronteira com o Paraguai, devem exportar cerca de 3.000 t de soja orgânica para a Europa, Japão e EUA.
A soja é vendida pela empresa Terra Preservada, que funciona como uma cooperativa, que compra a produção de 300 sojicultores.
A empresa paga uma espécie de prêmio aos sojicultores, que este ano é de 30% sobre o valor de mercado, e revende o produto com esse valor embutido.
A soja orgânica não leva nenhum tipo de agrotóxico e é cultivada com adubo orgânico à base de potássio e fósforo naturais.
No combate à lagarta, os produtores de Capanema utilizam Dipel, produto à base da bactéria Bt e um concentrado do vírus Baculovirus, que também ataca a lagarta.
A Terra Preservada compra a saca de soja dos produtores por R$ 20,47. Atualmente o valor da saca de soja no Paraná é de R$ 15,75.
"O prêmio deste ano é menor devido ao alto preço da soja no mercado, mas já pagamos 49% a mais na primeira safra exportada", afirma Rogério Konzen, proprietário da empresa, que exporta soja orgânica há quatro anos.
A procura pela soja orgânica, segundo Konzen, vem aumentando a cada ano. "O consumidor externo está exigindo produtos livres de agrotóxicos."
Campo Mourão
A microbacia do Rio do Campo, no município de Campo Mourão (PR), também utiliza o controle biológico nas plantações de soja.
O controle consiste em proteger a soja contra os ataques da lagarta e do percevejo sem o uso de agrotóxico, mas ainda com a utilização de adubos químicos.
"Para combater com inseticida a lagarta e o percevejo, gasta-se de US$ 2,90 e US$ 4,13 por hectare, respectivamente, por aplicação, que pode chegar a cinco aplicações", afirma Elson Buaski, presidente da Associação de Moradores da Bacia do Rio do Campo.
A lagarta da soja, que ataca durante a fase de crescimento da planta, é combatida com um concentrado do vírus Baculovirus aspergido na plantação. O concentrado custa US$ 1,55/ha.
Para combater o percevejo é utilizada a vespa Trissolcus basalis.
"A vespa é encontrada no ambiente natural, mas não em quantidade suficiente para combater o percevejo", afirma Buaski, que dirige um laboratório que desenvolve cerca de 300 mil vespas distribuídas de graça aos agricultores.

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