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GUARANÁ
Bahia supera produção do Amazonas
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Em plena região cacaueira, uma
plantação que sempre foi relegada a segundo plano na Bahia ganhou destaque nos últimos três
anos.
Desde 1997, a Bahia ultrapassou
o Amazonas e assumiu a liderança nacional na produção de guaraná -no ano passado, o Estado
colheu 1.845 toneladas (a produção brasileira foi de 4.100 toneladas), segundo a Ceplac (Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira).
"A safra deste ano será 20% superior à de 98", prevê o coordenador da Ceplac em Valença (BA),
Francisco Carlos Brito Aleluia.
Plantados em 25 cidades do baixo-sul da Bahia -onde dividem
espaço com dendezeiros, cravo-da-índia, cacau e pimenta-, os
guaranazeiros
baianos apresentam uma produtividade alta.
"Nossa média
regional é 350
quilos por hectare", afirmou Aleluia. No Norte do
Brasil, onde a cultura é tradicional,
a produtividade
não ultrapassa os
110 quilos por
hectare.
Enquanto o Estado comemora a
liderança na produção, a maioria
dos 2.593 guaranazeiros da Ceplac amargam prejuízos.
O motivo é que o quilo do produto, que no ano passado foi vendido por R$ 2,80 (preço médio),
caiu para R$ 1,50. Em 94, o quilo
do guaraná baiano havia atingido
seu mais alto patamar -R$ 17.
"Por este valor, o agricultor tem
prejuízo", disse Maísa Brum, diretora da M.M. Brum, a maior
empresa "intermediária" de guaraná na Bahia.
"O maior problema é que o guaraná não tem um mercado internacional para manter os preços",
disse Luciano Orrico de Araújo,
empresário e produtor de guaraná no sudoeste baiano.
Segundo Maísa Brum, não é
apenas o grande estoque de guaraná em poder das duas principais empresas de bebidas do Brasil (Antarctica e Brahma) que derrubou o preço do produto.
"Acontece que a cultura do guaraná ainda é tratada de forma incipiente pela maioria dos baianos."
"Sem investimentos, a qualidade do produto fica comprometida", declarou Aleluia.
O coordenador da Ceplac em
Valença (256 km a sudoeste de
Salvador) disse também que os
produtores de guaraná na Bahia
"não são organizados e querem
resultados imediatos".
Dois fatores -chuvas regulares
e melhor qualidade do solo- são
apontados pelos técnicos da Ceplac como determinantes para o
Estado da Bahia assumir a liderança nacional na produção.
Há três anos consecutivos
-justamente o período em que a
Bahia assumiu a liderança-, o
índice pluviométrico anual nos
municípios do baixo-sul da Bahia
atinge 1.800 milímetros.
Os agricultores também investiram mais em adubação.
Além das chuvas regulares e
melhoria do solo, os produtores
baianos contam com outra vantagem em relação aos agricultores
do Amazonas -a inexistência de
doenças nas plantações.
Uma pesquisa realizada pela
Ceplac revelou que, no Amazonas, 80% das lavouras de guaraná
sofrem com a ação da antracnose,
doença causada por um fungo.
Além de Valença, os principais
municípios produtores na Bahia
são Taperoá, Nilo Peçanha, Camamu, Ituberá e Teolândia.
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