São Paulo, terça-feira, 05 de dezembro de 2000 |
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VACA LOUCA Governo proibiu, na semana passada, importações de sete países Veto a sêmen da Europa traz prejuízo às centrais DA REPORTAGEM LOCAL Os primeiros reflexos negativos da vaca louca no Brasil estão send o sentidos pelas empresas de inse minação artificial. Na semana passada, o governo proibiu a compra de material gen ético vindo de sete países da Euro pa, responsáveis hoje por 30% das importações do setor. No início da semana, foram veta dos pelo Ministério da Agricultur a os produtos vindos da França, d a Alemanha, de Portugal e da Esp anha. Depois, Holanda, Suíça e Bé lgica também entraram para a list a negra do governo. A medida divide as opiniões de empresários do setor. Ela não agr ada o presidente da Asbia (Associ ação Brasileira de Inseminação Ar tificial), Donário Lopes de Almeid a. "Não entendo o porquê dessa d ecisão, uma vez que a própria Org anização Internacional de Epizoo tias (OIE) reconhece que o sêmen não transmite a BSE (vaca louca)" , afirma. Segundo ele, os prejuízos das e mpresas podem ser contornados "se a medida não se estender por muitos meses, pois as empresas tê m estoques". Ele não sabe dizer o t amanho desses estoques. Já Cláudio Aragon, gerente-gera l da canadense Semex no Brasil, di z que falta ao país uma posição m ais firme com relação ao tema. Para ele, o país costuma fechar a s porteiras quando o assunto vira polêmica, mas as reabre "quando baixa a poeira". "Há países, como o Canadá, que se fecharam para a Europa desde que a crise estourou, em 95. Acho que o Brasil deveria fazer o mesm o, por enquanto", diz. Os riscos de um mal como a vac a louca atingir o rebanho brasileir o são mínimos ou não existem, se gundo especialistas em pecuária n acional. Riscos País que cria mais de 80% de seu gado no pasto, o Brasil estaria imu ne à doença que, ao que tudo indi ca, tem origem na ingestão, pelos bovinos, de rações feitas a partir d e vísceras de ovelhas contaminad as. "Desde que a vaca louca estouro u na Europa, em meados da décad a de 90, a legislação brasileira proí be o uso de rações desse tipo", afir ma José Eduardo Butolo, preside nte do Colégio Brasileiro de Nutri ção Animal. Ele afirma que as rações de orige m animal, como a farinha de carn e, vísceras e pena, são usadas apen as na avicultura, sem riscos à saúd e dos animais. O pesquisador Sérgio De Zen, d o Cepea (Centro de Pesquisa Ava nçada em Economia Aplicada) da Esalq/USP, também acredita que os riscos de contaminação do reb anho brasileiro pela vaca louca sã o mínimos. Além de a maior parte do gado s er criada no pasto, o confinament o brasileiro sempre teve várias op ções para a alimentação dos anim ais. "O Brasil é um país privilegiado nesse sentido, pois há aqui uma gr ande variedade opções para alime ntar o gado confinado", diz o pesq uisador. Ele cita como exemplos o farelo de polpa cítrica, as silagens (milho , capim-elefante), a palha de feijão e o farelo de soja. Em sua opinião, a vaca louca tra z boas expectativas também para as exportações de carne bovina br asileira. "Com a vaca louca, a tend ência é a de que os europeus parta m para uma liberalização dos mer cados. E o Brasil pode sair ganhan do", afirma De Zen. Texto Anterior: França terá de destruir 1 milhão de t de carne Próximo Texto: Mercado: Venda de alimento deve crescer Índice |
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