São Paulo, terça-feira, 14 de novembro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MST
A Reforma Agrária trabalha com geléia, chás, leite vindos dos assentamentos
Trabalhador sem terra monta loja em São Paulo

ANALICE BONATTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Com dez meses de funcionamento, a loja da Reforma Agrária do Brasil, cujos produtos são fornecidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), vem observando um crescimento médio mensal de 10% nas vendas.
Os iniciais 70 itens comercializados na loja saltaram para 170. "Queremos aumentar as fontes fornecedoras de produtos", diz Plínio Brasão, agrônomo do setor de projetos da Cooperativa Central Agrária de São Paulo (CCA).
Para isso, a CCA e a Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária) estão mapeando novas regiões para se tornarem fornecedoras.
Entre artesanatos do MST, estão expostos na loja os produtos agrícolas in natura e os processados provenientes das 100 cooperativas e 30 agroindústrias de assentamentos de todo o país.
A maioria dos produtos leva marcas como a paulista Sabor do Campo, a gaúcha Terra e Fruto, a catarinense Terra Viva e a Produtos da Terra, do Paraná.
Segundo Delwek Matheus, integrante da direção nacional do MST, a loja atende vários objetivos, entre eles, o de evidenciar a organização do movimento e o de agregar valor ao produto.
Desde sua inauguração (em janeiro deste ano) até agora, a loja recebe diariamente cerca de 30 pessoas. "As vendas têm aumentado. Há muitos simpatizantes do movimento que vêm de muito longe só para conhecer nosso trabalho", diz Matheus.

Os filhos
A agroindústria está gerando mais trabalho nos assentamentos. Cerca de 95% dos funcionários da Cooperoeste, em São Miguel do Oeste (SC), que industrializa os produtos lácteos da marca TerraViva, são filhos de produtores assentados.
A Cooperoeste, segundo Gilmar Frigeri, responsável pelo controle de qualidade dos produtos, trabalha com cerca de 50% de sua capacidade (40 mil litros de leite/dia), em razão da falta de matéria-prima. "O que produzimos ainda é pouco e a procura por nossos produtos é muito grande."
São mandados para a loja da Reforma Agrária cerca de 10 mil litros/mês. Seus maiores compradores são os Estados do Paraná e de Santa Catarina.
Para auxiliar a produção, eles contam com um departamento técnico de veterinários que trabalham junto aos produtores e ministram cursos de qualidade.
As geléias e as compotas comercializadas na loja da Reforma Agrária são produzidas no Instituto Técnico de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), em Veranópolis (RS).
Segundo Ernandi Rodrigues dos Santos, coordenador da área do doce do instituto, 80% da matéria-prima vem de assentamentos e 20% de produtores locais.
Em São Paulo, chegam mensalmente cerca de 2.000 a 3.000 potes de geléia. Os produtos também são vendidos em feiras no Estado.
Além do beneficiamento, o Iterra oferece cursos para os assentados de todo o país. Com duração de até três anos, os alunos estudam e retornam aos assentamentos de origem para repassar as lições aprendidas. Paralelamente às aulas, fazem os produtos da marca Terra e Frutos.

ONDE SABER MAIS - Loja da Reforma Agrária, rua Brigadeiro Galvão, 28, Centro, São Paulo. Tel.0/xx/11/3666-4451



Texto Anterior: Livros
Próximo Texto: Radar: Chuva ajuda a recuperação do solo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.