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MST
A Reforma Agrária trabalha com geléia, chás, leite vindos dos assentamentos
Trabalhador sem terra monta loja em São Paulo
ANALICE BONATTO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Com dez meses de funcionamento, a loja da Reforma Agrária
do Brasil, cujos produtos são fornecidos pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST),
vem observando um crescimento
médio mensal de 10% nas vendas.
Os iniciais 70 itens comercializados na loja saltaram para 170.
"Queremos aumentar as fontes
fornecedoras de produtos", diz
Plínio Brasão, agrônomo do setor
de projetos da Cooperativa Central Agrária de São Paulo (CCA).
Para isso, a CCA e a Concrab
(Confederação das Cooperativas
de Reforma Agrária) estão mapeando novas regiões para se tornarem fornecedoras.
Entre artesanatos do MST, estão
expostos na loja os produtos agrícolas in natura e os processados
provenientes das 100 cooperativas
e 30 agroindústrias de assentamentos de todo o país.
A maioria dos produtos leva
marcas como a paulista Sabor do
Campo, a gaúcha Terra e Fruto, a
catarinense Terra Viva e a Produtos da Terra, do Paraná.
Segundo Delwek Matheus, integrante da direção nacional do
MST, a loja atende vários objetivos, entre eles, o de evidenciar a
organização do movimento e o de
agregar valor ao produto.
Desde sua inauguração (em janeiro deste ano) até agora, a loja
recebe diariamente cerca de 30
pessoas. "As vendas têm aumentado. Há muitos simpatizantes do
movimento que vêm de muito
longe só para conhecer nosso trabalho", diz Matheus.
Os filhos
A agroindústria está gerando
mais trabalho nos assentamentos.
Cerca de 95% dos funcionários da
Cooperoeste, em São Miguel do
Oeste (SC), que industrializa os
produtos lácteos da marca TerraViva, são filhos de produtores assentados.
A Cooperoeste, segundo Gilmar
Frigeri, responsável pelo controle
de qualidade dos produtos, trabalha com cerca de 50% de sua capacidade (40 mil litros de leite/dia),
em razão da falta de matéria-prima. "O que produzimos ainda é
pouco e a procura por nossos produtos é muito grande."
São mandados para a loja da Reforma Agrária cerca de 10 mil litros/mês. Seus maiores compradores são os Estados do Paraná e
de Santa Catarina.
Para auxiliar a produção, eles
contam com um departamento
técnico de veterinários que trabalham junto aos produtores e ministram cursos de qualidade.
As geléias e as compotas comercializadas na loja da Reforma
Agrária são produzidas no Instituto Técnico de Capacitação e
Pesquisa da Reforma Agrária
(Iterra), em Veranópolis (RS).
Segundo Ernandi Rodrigues
dos Santos, coordenador da área
do doce do instituto, 80% da matéria-prima vem de assentamentos e 20% de produtores locais.
Em São Paulo, chegam mensalmente cerca de 2.000 a 3.000 potes
de geléia. Os produtos também
são vendidos em feiras no Estado.
Além do beneficiamento, o Iterra oferece cursos para os assentados de todo o país. Com duração
de até três anos, os alunos estudam e retornam aos assentamentos de origem para repassar as lições aprendidas. Paralelamente
às aulas, fazem os produtos da
marca Terra e Frutos.
ONDE SABER MAIS - Loja da Reforma
Agrária, rua Brigadeiro Galvão, 28, Centro, São Paulo. Tel.0/xx/11/3666-4451
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