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MEIO AMBIENTE
Desmatamento acelera erosão e causa enchente na região
Mau uso do solo ameaça a serra da Mantiqueira
FÁBIO EDUARDO MURAKAWA
DA REPORTAGEM LOCAL
A ocupação desordenada do
solo está contribuindo para transformar a serra da Mantiqueira em
um foco de enchentes e pode tornar as práticas agrícolas economicamente inviáveis na região, alertam ambientalistas.
A serra da Mantiqueira abrange
25 municípios e se estende pelo
Vale do Paraíba, em São Paulo, e
pelo sul dos Estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
"Não há nenhum plano de zoneamento para a atividade agrícola na região", diz o ambientalista Sérgio Mário Regina, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Verde, órgão ligado ao
governo de Minas Gerais.
Segundo ele, quem perde com a
falta de critérios para o uso do solo são os agricultores, os moradores locais e o meio ambiente.
Plantações de batata no topo da
montanha, gado pastando em regiões de morro e a ação clandestina de madereiras, cenários comuns na região, são apenas alguns dos exemplos apontados
por Regina para ilustrar a má utilização das terras na Mantiqueira.
"Nessas áreas altas e desmatadas, a água das chuvas escoa para
os rios, levando consigo, além da
lama, resíduos de agrotóxicos
aplicados nas plantações", afirma
Mário Mantovani, diretor da
Fundação SOS Mata Atlântica.
São as matas de topo, segundo
ele, que retêm as águas da chuva,
evitando a erosão do solo e a queda de encostas.
Um efeito nefasto dessa ocupação irracional das áreas da serra
pôde ser sentido no início deste
ano, com as enchentes que se abateram sobre a região.
Houve congestionamentos gigantes nas estradas, produtores
perderam suas plantações e cidades inteiras ficaram alagadas.
Segundo os ambientalistas, essas catástrofes tendem a se tornar
cada vez mais frequentes, caso
não haja um plano de zoneamento na Mantiqueira.
Soluções
Para Regina, a solução para esses problemas é simples e não significa que a região tenha de voltar
a ser uma imensa floresta. "Pode
ter exploração econômica, desde
que sustentável."
Deve haver, porém, um reflorestamento irrestrito das áreas de
topo. Logo abaixo, viriam as culturas perenes, como banana, maçã e outras frutíferas.
As pastagens e as culturas
anuais, como o milho, deveriam
ter espaço somente em um nível
mais baixo, longe das encostas.
Regina diz que existem planos
de zoneamento para a serra, que
não são executados por falta de
recursos.
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